Sou
nordestino e não me sinto nem pior nem melhor que qualquer outro brasileiro.
Somos todos filhos desta pátria amada, idolatrada e cheia de injustiças.
Já
se foi o tempo em que achávamos que os políticos do NE eram piores que os das
outras regiões. Hoje, com a mídia eletrônica e as famigeradas redes sociais,
vemos que os canalhas, ladrões e seus comparsas nas falcatruas públicas e
privadas estão em todas as partes do nosso imenso Brasil, sem distinção de
sexo, cor ou classe social ou partido político.
Os
ricos ou os que ficaram ricos nessa seara estão no Sertão da Bahia e nos Pampas
do Rio Grande do Sul, entre os que comandam ou comandaram a industrializada São
Paulo do inesquecível Adoniran Barbosa ou os que se perpetuaram no poder, no
macabro samba- enredo dos desmandos e da corrupção, nas terras do saudoso
Joãozinho Trinta.
Morando
atualmente na progressista Sorocaba, região
Sudeste do Estado bandeirante, trabalho viajando pelo país há mais de 25 anos e
conheço, como poucos, as diversas regiões e suas principais características
sociais e econômicas. Isso me garante uma certa facilidade em falar sobre quase
todos estados e diversos municípios.
Vi
de perto as “frentes de trabalho” criadas pelo regime militar para alimentar os
“currais eleitorais” no Norte e Nordeste, distribuindo migalhas para os
miseráveis em tempos de seca, garantindo a hegemonia política dos direitistas
da vez. Essas tais “frentes de trabalho” empregavam pais de família
desesperados e famintos, analfabetos, ignorantes e moralmente arrasados. Trocar
o voto por este “favor” não lhes custaram, nada mais, nada menos, que a da
desgraça do futuro seu e de seus filhos.
Os
atuais altos índices de violência e os bolsões de miséria espalhados por todos
os lados é a grande prova disso.
O
Bolsa Família, que pretensamente se diz um programa de distribuição de renda,
nada mais é que um novo tipo de “frente de trabalho”. Só que agora, os
“coronéis" de esquerda do poder, usam a estrutura bancária oficial e um cartão
eletrônico para distribuir o dinheiro público e quem recebe não precisa fazer
“frente de trabalho” nenhuma. Os beneficiados com estas migalhas passam a comer
mais um pouquinho, porém continuam sem nenhuma perspectiva de futuro para si e
para os seus filhos. Para os políticos e seus tecnocratas, esses miseráveis, na maioria das vezes, passam ao
destacado patamar daqueles que consomem produtos industrializados – se é que
isso é produto industrializado - como chinelos
chineses para o vestuário e salgados
fandangos na alimentação.
“Nunca
antes neste País” se pensou em mudar essa história macabra que enruga o
presente e compromete o futuro de nosso povo. Muito pelo contrário.
O
mais recente exemplo está na construção dos canais de transposição das águas do
rio São Francisco. Defendida pelo ex-presidente Lula como a redenção dos
nordestinos, a obra é um elefante
branco, que de certo só garante a degradação do leito natural desse que é
considerado, o rio da Integração Nacional,
carinhosamente tratado pelos nativos das suas margens como Velho Chico.
O
superfaturamento das obras e a
especulação fundiária do seu entorno são apenas dois, dos vários problemas que
a obra traz na sua execução. A
Controladoria Geral da União já sinalizou desvios milionários que aconteceram e
estão acontecendo beneficiando empreiteiros e seus padrinhos políticos.
Usineiros da região e até seus comparsas do Sudeste já se apossaram de terras
que terão água fácil para a produção em larga escala de uma monocultura que se
perpetua ao longo de séculos no País. água para beber vai continuar sendo um sonho para quem vive espalhado pelas piçarras da região. A logística de distribuição da água é o grande "X" da questão.
Claro
que algumas cidades serão beneficiadas e projetos de assentamento para pequenos produtores irão surgir,
patrocinados por organizações não governamentais aparelhadas por partidos
políticos que , hoje , detêm o poder e atuam através de suas lideranças “progressistas”
locais. No entanto, estes projetos não serão capazes de absorver a grande
quantidade de trabalhadores rurais nativos e sem terras que vagam pela caatinga
todos os anos, esperando que a providência divina, mande chuva no dia de São
José e eles possam plantar um punhado de sementes de milho e feijão e, assim,
sobreviver por mais uma longa seca no sertão. Existem outras opções bem mais baratas e eficientes para resolver o assunto e que foram colocadas de lado por não interessarem aos poderosos.
Essa
transposição não passa de uma gigantesca “frente de trabalho” que esta construindo
um grande pesadelo, resultando mais uma vez, na destruição do sonho de um
futuro melhor para o sofrido povo nordestino. Um mega investimento de dinheiro público para poucos.
E o
povo nordestino vai continuar cantarolando a sua fé num milagre:
“Meu divino São José, aqui estou em vossos
pés
Dai-nos justa providência, meu Jesus de
Nazaré.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário