domingo, 23 de junho de 2013

O Marketing Político pode até eleger um poste...


O Marketing Político pode até eleger um poste, para cargos públicos, mas não é capaz de evitar "curtos circuitos provocados...

por José Américo (Notas) em Domingo, 23 de Junho de 2013 às 09:56
Os protestos que não cessam e inundam todo o País podem surpreender a muitos, mas foram causados por sucessivos erros de governança e prepotência política de stalinistas desacostumados com o contraditório do debate e evolução, necessários, à  nossa jovem democracia.

Queiram ou não o jovem e promissor Brasil de hoje nasceu com a primeira eleição direta no pós ditadura, em 1989. Collor entre erros e acertos, provocou o início da abertura econômica tão necessária ao desenvolvimento moderno do nosso País.

A prepotência política e a corrupção destituíram aquele que foi eleito como a grande esperança do surgimento de um novo modelo de poder. 

Itamar, com seu jeito, tradicionalmente, mineiro fez a transição com habilidade e equilíbrio indispensáveis ao delicado momento que vivia as instituições democráticas da "nova nação" que surgia cambaleante,  com a constituição de 1988. Os avanços econômicos iniciados por Collor foram continuados e o então jovem político cearense Ciro Gomes teve papel preponderante neste setor. Substituido pelo sociólogo paulista Fernando Henrique Cardoso, deu-se início à construção do mais audacioso projeto político-econômico já vivido no País. Criou-se o Plano Real, dando início a uma sonhado período de estabilidade econômica, encerrando uma era de inflação e descontrole de preços que atormentava a vida dos brasileiros no dia a dia e comprometia o desenvolvimento da maior "potência" do hemisfério Sul.

Eleito presidente em 1994 FHC cuidou de manter e garantir o amadurecimento da estabilidade econômica. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal também foi um marco e uma grande conquista da sociedade em seu governo.

Mas nada é perfeito!

Com sede de poder o grupo ligado ao presidente articula uma nefasta manobra política para garantir o prolongamento do mandato presidencial e utilizando métodos nada republicanos, consegue êxito e aprova o projeto da reeleição para cargos executivos, possibilitando a disputa por mais um mandato para aqueles que estavam ocupando o poder. Um grande erro. Uma aberração para a consolidação da jovem democracia brasileira. As alianças e conchavos espúrios deram lugar aos interesses nacionais. 

Tinham todas as condições para fazer uma grande e verdadeira reforma política, mas sucumbiram à soberba dos que se julgam poderosos e acima dos normais.O ex-ministro das Comunicações Sérgio Mota, eminência parda do governo, é o grande articulador desse desastre político do governo tucano.

O segundo mandato foi uma lástima e o "é dando que se recebe" prevaleceu e comprometeu a saúde econômica do País. Um projeto econômico sério se alimenta de um cardápio que não pode dispensar a austeridade e o ajuste das contas públicas, regado de políticas de estado consistentes, que sejam vacinadas contra soluções de continuidade, numa eventual e salutar alternância de poder.

Insatisfeitos, os brasileiros não perdem a esperança e elegem o primeiro operário para a presidência da República. mais um marco na nossa jovem democracia.

Pisando em bases econômicas relativamente firmes, apesar dos contratempos causados pela crise financeira internacional que afetou o mercado brasileiro a partir de 1998, Lula da Silva, aproveita alguns avanços sociais do governo do seu antecessor e avança na ampliação da distribuição de renda, com uma visão populista excessiva.

De origem stalinista, ele e seu grupo parte para o aparelhamento do Estado e despreza o aprimoramento técnico da máquina pública, que deve sempre buscar a eficiência e austeridade com o objetivo comum de servir a toda a sociedade e não a grupos. O caudilho Lula começa a saborear a fruta do pecado, como sobremesa da Santa Ceia. Sem saber estava escrevendo o seu roteiro de via crucis.

Sobre o manto de um marketing político competente e torrando os cofres abarrotados pelas conquistas econômicas do Plano Real, Lula faz concessões fiscais irresponsáveis com o único objetivo de prosperar politicamente diante da massa iludida por conquistas fáceis. O incentivo ao consumo assume a locomotiva da política econômica em detrimento dos investimentos em infra-estrutura. Um erro proposital e criminoso para o futura do País. 

A insaciável sede de poder dos stalinistas no poder faz crescer, ainda mais, o "é dando que se recebe"e o governo Lula promove o maior escândalo de corrupção da história recente do País. Denominado Mensalão e articulado por seu fiel escudeiro, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, patrocinou propinas e desvios milionários de dinheiro público para cooptar aliados no Congresso Nacional.

Com mais medidas populista e a ausência de uma oposição forte, Lula da a volta por cima e se mantém muito popular entre as camadas mais baixas da população e força suficiente para pleitear a sua reeleição em 2006.

Reeleito para mais quatro anos de governo Lula acredita que a fonte do dinheiro público fácil é inesgotável e que sua politica de migalhas de pão e circo para o povo lhe garantiria a perpetuação no poder. Chegou até a pensar em alterar a constituição para lhe permitir reeleições consecutivas e ininterruptas. 

Elegeu Dilma Rouself, considerada por muitos como "um poste" pela falta de experiências políticas e por ser uma candidata escolhida e imposta pelo "chefe" e não num processo de sucessão que caracterizasse uma escolha partidária.

Diante dos desmando e erros do seu governo, eleger Dilma em 2010 era uma questão de vida ou morte para os petistas.

A disputa não foi fácil, mas a falta de uma candidato de oposição com um programa de governo e um discurso novo,  que oferecesse uma alternativa clara para a população, a vitoria lulista era vista à distância. Não fosse o inesperado sucesso eleitoral da candidata Verde Marina Silva - que consegui a soma de mais de 20 milhões de votos - teria vencido com uma vantagem esmagadora.

Dilma continua com a receita do seu criador. Amarrada em conchavos e acordos políticos espúrios o governo Dilma e, frequentemente, sacudido por escândalos de corrupção e seus projetos não conseguem sair do papel sem os descaminhos das verbas públicas. A saúde, a educação e a segurança pública se deterioram.

Mais medidas populistas de concessões fiscais para estimular o consumo, colocam de lado investimentos estruturais para prestigiar e proteger a imagem fantasiosa de aprovação dos governos petistas.

"Nada dura sempre, nem ninguém engano todo mundo o tempo todo"diz o ditado popular.

A onda de protestos que varre o País que começou contra o reajuste das passagens de ônibus em São Paulo , foi o estopim para estourar a bolha de insatisfação que se inflava no País desde  meados do governo de FHC, com o avanço da corrupção sobre a coisa pública, que agora avançando no governo Lula, chega ao estágio atual quando se mostra como "falência múltipla dos órgãos".

No mais lúcido artigo sobre a interpretação do atual momento em que vive a sociedade brasileira, a jornalista Miriam Leitão, mostra com fatos e dados as conseqüências dos erros cometidos pelos petistas nos últimos 10 anos de poder e que explicam, em parte, os por quês da crise em que hoje vivemos. Vejam e entendam o por quê do marketing político ser capar de eleger até  "um poste" para cargos públicos, mas não ser capaz de evitar "curtos circuitos provocados por gatos em instalações elétricas" :

Governo abriu mão de 22 bi destinados à infraestrutura de transporte

Por Mirian Leitão

Se ficarmos só no gatilho que levou o povo às ruas, há motivo de sobra para a insatisfação: O colapso da mobilidade urbana estressa diariamente as pessoas. Encurralou-se o direito de ir e vir. De 2008 até agora, o governo federal deixou de arrecadar, de quem abastece os carros com gasolina, R$ 22 bilhões. O destino desse dinheiro seria investimento em infraestrutura de transporte.
Os motivos são muitos, o desconforto é difuso, mas esta é a hora de pensar em todos os recados da rua. O transporte público é caro, e o serviço prestado pelos ônibus, péssimo. Isso vem de muito tempo. Mas piorou. O governo estimulou de forma exorbitante o uso do carro particular, o que ajudou a entupir as ruas. Abriu mão de recursos que, se bem usados, beneficiariam a todos.
Não há um culpado só. É impossível separar a violência da Polícia de São Paulo da escalada das manifestações. As cenas que chocaram o Brasil e o mundo da última quinta-feira foram gasolina em fogo já aceso. O governo de Geraldo Alckmin foi inepto ao lidar com a crise.
A crise da mobilidade urbana foi sendo aprofundada aos poucos. No Brasil, o transporte público foi sempre negligenciado, mas o governo federal escolheu um caminho insensato, que apertou o nó que sufoca os transeuntes das cidades brasileiras.
Foi eliminada a Cide e reduzido o IPI, para beneficiar o automóvel. Desta forma, foi incentivada a compra do carro particular e subsidiado o seu combustível. Duas das funções da Cide, de acordo com a lei de 2001 que a criou, eram investir em infraestrutura do transporte e atenuar os efeitos da poluição dos combustíveis. O imposto começou a ser reduzido em janeiro de 2008 e foi zerado em meados do ano passado. Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), nesse tempo, o governo deixou de recolher, só com a gasolina, R$ 22 bilhões.
Não está nessa conta o que deixou de ser arrecadado com as reduções do IPI que estimularam a compra de carro particular. O subsídio à gasolina, através do congelamento do preço por muito tempo, causou prejuízo à Petrobras, déficit na balança comercial e desorganização da cadeia produtiva do etanol. Com mais carros na rua e investimentos insuficientes na infraestrutura, a mobilidade urbana, que já era ruim, entrou em colapso.
A compra do carro foi incentivada para o país crescer e isso não ocorreu. O preço da gasolina foi subsidiado para conter a inflação, e ela subiu. O reajuste do ônibus foi adiado para administrar os preços e aconteceu justamente neste junho em que a inflação está de novo estourando o teto.
Outro problema ronda a economia: o dólar. Ele também já começa a afetar os preços. Ontem, a entrevista do presidente do Fed, Ben Bernanke, dando o sinal de que os estímulos à economia serão reduzidos, no futuro, provocou imediata alta da moeda americana, e ela chegou a bater R$ 2,22. Fechou em R$ 2,21. É mais um complicador.
A presidente Dilma Rousseff tem estado em reuniões com a presença de seu marqueteiro, João Santana, e feito pronunciamentos com a sua supervisão. Parece mais preocupada com o efeito que a crise das ruas terá em suas chances eleitorais do que em entender e corrigir os erros que levaram à eclosão dos protestos.
Governantes de outros partidos e de outros níveis de governos desdizem de tarde o que disseram de manhã. O prefeito Fernando Haddad, ontem de manhã, garantiu que não reduziria a passagem de ônibus para, no fim da tarde, anunciar junto com o governador Geraldo Alckmin o recuo dos reajustes de ônibus e metrô. No Rio, Cabral não esteve ao lado do prefeito Eduardo Paes. A crise não é apenas econômica, mas a economia tem dado motivos de sobra para a insatisfação.





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