segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Venceu? Mas não convenceu


5 de novembro de 2012 - 11:08:47
“Alguma coisa está errada com o PT do Acre”. Esta frase dita pelo ex-presidente Lula ao jornalista Altino Machado, em entrevista no Palácio do Planalto, poucos dias antes de deixar o governo em 2010, perturba o sono dos irmãos Viana, como se fora um zumbido de abelha, permanente, dentro do ouvido.
Perturba tanto que eles parecem que não são capazes de perceber que na mensagem há um indicativo claro de que é preciso parar e refletir sobre a maneira Vianista de fazer política nas terras de Plácido de Castro.
“O Jorge quase não se elegeu senador e o Tião – que a gente esperava que ele tivesse 80, 90 por cento, teve ali 50 vírgula alguma coisa”, continua Lula numa franqueza massacrante, impiedosa.
O Lula reconhece ainda que o Acre da era Vianista, recebeu muitos recursos  federais desde a gestão do FHC, sendo que no seu governo recebeu muito mais, para concluir: não basta apenas construir pontes, obras… o povo precisa sentir o verdadeiro beneficio dessas obras.
2012 chegou, e os Viana não souberam aproveitar em nada a mensagem do líder. Não souberam ou nem ligaram para o que dissera Lula.
A derrota para a oposição em 13 dos 21 municípios do interior do Estado, incluindo ai a reeleição do pemedebista Vagner Sales em Cruzeiro do Sul – maior colégio eleitoral depois da capital – é uma prova inconteste de que os Viana fizeram e fazem ouvidos de mercador para o que disse o chefe petista maior.
A magra vitória na capital em segundo turno, com pouco mais de 1% dos votos válidos, depois de uma disputa marcada por denúncias graves de utilização da máquina pública, campanhas publicitárias oficiais milionárias nas rádios, jornais e TVs feitas de forma ostensiva e com o claro propósito de beneficiar o candidato governista é sinal que a soberba Vianista já foi percebida pelo eleitorado.
Promessas, promessas, promessas…
Obras construídas com a lama dos escândalos…
A erosão política formada e que aprofunda cada vez mais a desigualdade social no Acre, abre a vala para sepultar de vez o que não serve à população em nenhum lugar do nosso Brasil e nem aos brasileirinhos que vivem no além rio Madeira.
Dívidas públicas impagáveis, corrupção, cadeias lotadas de jovens e desgoverno só se sustentam com clientelismo e assistencialismo. E isso é um bomba social prestes a explodir.
Essa vitória petista em Rio Branco tem sim o gosto amargo de um casamento – cheio de sonhos – que começa a se acabar com as terríveis marcas da traição.
Um novo filho é uma tentativa de reconstruir esse casamento e isso, na maioria das vezes, só aumenta a dor e as consequências desse final infeliz.
O PT dos Viana pode até ter achado que venceu em Rio Branco. Venceu? Mas não convenceu. E não tem o que comemorar.
O Acre precisa de planejamento e seriedade na política.
O Acre, assim como o Brasil inteiro, precisa de EDUCAÇÃO de verdade e para todos.
O Acre precisa de ideias e ideais  a serem perseguidos por mais velhos e jovens. Afinal o futuro é agora.
Ah, sobre a combalida e desgastada oposição, eu devo dizer algumas coisa.
Escrevo depois.
José Américo Moreira da Silva

sábado, 3 de novembro de 2012

Fiasco de CPI


POLÍTICA


Merval Pereira, O Globo
A CPI do Cachoeira nasceu de uma estratégia equivocada do ex-presidente Lula e de José Dirceu na tentativa de, se não impedir, pelo menos tumultuar o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.
Já que o adiamento para as calendas gregas não foi conseguido com o assédio pessoal de Lula a ministros, dos quais o mais vistosamente frustrado foi ao ministro Gilmar Mendes, que denunciou a tentativa de chantageá-lo, partiram os petistas para montar uma CPI que colocaria a oposição contra a parede.
Os objetivos principais eram os oposicionistas de maneira geral, o governador de Goiás Marconi Perillo em particular, o Procurador-Geral da República pelo atrevimento das acusações contra o PT, e a imprensa livre representada pela revista Veja.
O rolo compressor governista, no entanto, não foi suficiente para fazer da CPI uma cortina de fumaça para o julgamento do mensalão, e políticos independentes impediram que a estratégia petista desse certo.
Ao contrário, o feitiço voltou-se contra o feiticeiro, e o surgimento da empreiteira Delta com seus vínculos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira colocou o governismo numa sinuca de bico.
Frustradas todas as investidas contra seus inimigos, viram-se os petistas na perspectiva de ser a CPI usada contra seus parceiros caso a investigação sobre o empreiteiro Fernando Cavendish fosse adiante.
A CPI virou palco de uma batalha, fora do controle, até que oposição e situação viram que era melhor exterminá-la sem dar tempo para novos embates.
O Globo fez um levantamento nos 533 requerimentos que não serão votados e constatou uma “troca de chumbo” entre governistas e oposicionistas que poderia atingir a todos.
A oposição propôs uma prorrogação da CPI por seis meses, mas a situação aprovou apenas até o fim do ano, mesmo assim sem nenhuma nova investigação.
Para o deputado Miro Teixeira, um dos líderes da ala independente, os dois lados queriam mesmo esse desfecho, só que alguns posam para a plateia defendendo maiores investigações, mas internamente trabalham pelo fim da CPI.
Seria a “bancada do cancã”, que distrai o público com suas danças, na mordaz definição do parlamentar do Rio.
Tem razão Miro Teixeira quando diz que de nada valeria dar sobrevida à CPI se não fosse para quebrar os sigilos de empresas fantasmas do esquema de Cachoeira que receberam dinheiro da construtora Delta. Mas essa quebra não interessava aos governistas de diversos matizes.
Uma peculiaridade da trama criminosa do bicheiro Cachoeira é que ela é pluripartidária, perfeitamente adaptada aos tempos pragmáticos de coalizões amplíssimas e sem nenhum nexo programático entre tais partidos abrigados pelo generoso guarda-chuva governista.
Cachoeira ia além, e unia governistas e oposicionistas, sem distinção. O ex-senador Demóstenes Torres, expulso do DEM, e o governador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás, que deve ser indiciado pelo CPI, são exemplos goianos desse multipartidarismo.
Assim como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, representa o petismo e se não for também indiciado será devido à maioria esmagadora do governo na CPI.
O fato é que a construtora Delta tinha ramificações em todos os estados e por todos os partidos, sendo a mais notória a ligação com o governador do Rio Sérgio Cabral, do PMDB, que teve todo o apoio do governo federal para impedir que o sigilo da construtora fosse quebrado.
A CPI do Cachoeira vai se encerrar sem nenhuma contribuição a dar, e enviará os dados que recebeu sob sigilo ao Ministério Público, que investiga o esquema.
Mesmo assim por que parlamentares independentes procuraram por conta própria o Ministério Público em Goiás para combinar a remessa desse material, para que não se perdesse.
Mais um fiasco a confirmar que o Congresso precisa se reciclar para não continuar com a imagem negativa que tem diante da opinião pública.
 _ _ _ _ _ _ _ _
Um sinal de que a inflação está saindo do controle: alguns restaurantes e lojas já estão “dando descontos” se o pagamento é em dinheiro. No cartão de crédito, o freguês perde o “desconto”, isto é, a conta vem acrescida de cerca de 5%.