sexta-feira, 29 de abril de 2016

Campanhas políticas como outrora, nunca mais

Quem está nessa atividade profissional desde 1986, como eu, sabe que nada 
mais será como antes.
As campanhas deste ano terão que se enquadrar na nova lei eleitoral, 
no que diz respeito a prazos, tempo de propaganda gratuita e formas de financiamento.


Mas não só isso!

As campanhas políticas têm que aprender a "falar" com o eleitor através das redes sociais.


Aí você me diz: "Mas, já utilizamos as redes sociais nas campanhas passadas".

Sim, é verdade. 


Mas, as redes, suas novas ferramentas e canais de relacionamento já são outras hoje. 



E mais do que utilizá-las, tem que saber como utilizá-las. Afinal, nas redes, 
os tropeços são, na maioria das vezes, quedas de ponta cabeça.



Portanto, as campanhas serão bem diferentes. 



A começar pelos custos e formas de pagamento. 
Tudo tem que estar muito bem amarrado nos princípios legais. 



Os prazos e tempos de propaganda, também, mudaram. 
Diminuíram, é bem verdade. E precisam ser mais bem aproveitados.



É ai que esta o "X" da questão. 



Fazendo um comparativo com um campeonato de futebol, agora, 
a campanha já começa nas semi-finais, principalmente, 
para os candidatos de primeira viagem.



E se você quer entrar para ganhar, seu time tem que estar jogando 
bem antes do campeonato começar. 
E para isso tem que ser formado e treinado muito tempo antes do início do certame. 



É por isso que você já deve estar jogando o jogo bem antes. 
Tem que colocar o seu time em campo no período da pré-campanha, 
o que já vem sendo feito há tempo por muitos candidatos, principalmente, 
os que hoje possuem mandatos.



Prefeitos, por exemplo, têm a propaganda institucional a seu favor. 
Podem mostrar o que fizeram e estão fazendo nos comerciais de rádio e TV, 
pagos pela administração pública. 



Os vereadores, ocupam os programas de jornalismos com suas propostas 
de emendas, reivindicações, liderando manifestações de rua, 
bloqueios de avenidas e/ou denúncias contra adversários. 



Além de tudo isso, estes candidatos que ja possuem mandato, 
são mais influentes nos partidos e ocupam, com mais frequência, 
o horário eleitoral gratuito nas rádios e TVs das suas respectivas legendas.



Como podemos observar, quem já tem mandato - prefeitos principalmente - já começam 
com vantagens.



E você que está iniciando agora tem que estar atento, utilizando os canais 
alternativos da web para compensar a desvantagem de não está entre estes "privilegiados".



Faça do período de pré-campanha - antes do período oficial das campanhas - 
o momento de formar o seu time. 



Trabalhe sua estrutura de campanha, elabore e começar a divulgar suas propostas, 
faça visitas às comunidades, reuniões com grupos sociais, religiosos, 
categorias profissionais, empresariais, comerciais e etc. 
E não esqueça de formar o seu núcleo de comunicação 
para trabalhar todo esse material de pré-campanha nas redes sociais.



Agora lembre-se que você não pode pedir votos nesse período.



Mas seja você um velho marinheiro ou um marujo que vai enfrentar as ondas 
nessa primeira "aventura pelos mares revoltos da política", esteja bem assessorado. 



Profissionais de propaganda e marketing não ganham campanhas, mas sabem utilizar as ferramentas de comunicação certas para fazer sua mensagem alcançar o eleitor 
e buscar mostrar que você é uma boa opção para sua cidade ou comunidade 
que quer representar.



E se você é um profissional que atua nessa área, fique atualizado. 



Nesta eleição um clic pode fazer a diferença entre um vencedor e um derrotado.



Campanhas políticas como outrora, nunca mais.

terça-feira, 16 de julho de 2013

84,3% aprovam manifestações, mostra pesquisa CNT


Para 40,3% dos entrevistados, fim da corrupção foi a reivindicação mais importante dos protestos

16 de julho de 2013 | 11h 38

Laís Alegretti e Daiene Cardoso - Agência Estado
A pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e realizada pela MDA entre 7 a 10 de julho, em 134 municípios brasileiros, aponta que 84,3% dos entrevistados aprovaram os protestos de rua que ocorreram no País recentemente. Outros 13,9% desaprovaram as manifestações.
Para 40,3% dos entrevistados, o fim da corrupção foi a reivindicação mais importante dos protestos. Outros 24,6% acreditam que a reivindicação mais importante foi por melhorias na saúde e 16,5%, pela reforma política. Em relação aos destinatários das manifestações, 49,7% dos entrevistados apontaram que os protestos são contras os políticos em geral, 21% consideram que são contra o sistema político e 15,9% não acreditam que sejam contra a presidente Dilma Rousseff.
Em relação ao motivo das manifestações, 55% apontam insatisfação com a corrupção; 47,2%, com serviços de saúde; 43,7%, com o gastos da Copa do Mundo; 30,8%, falaram de insatisfação com os preços e a qualidade do transporte público.
Médicos. A população brasileira está dividida em relação ao apoio à vinda de médicos estrangeiros, segundo a pesquisa. São a favor da importação desses profissionais 49,7% dos entrevistados e 47,4% são contra a iniciativa.
O presidente da Confederação Nacional dos Transportes, senador Clésio Andrade, afirmou que o governo não tem o apoio da maioria dos brasileiros nessa medida. "A Dilma mais perdeu do que ganhou com esse processo", disse.

domingo, 14 de julho de 2013

Dilma, a solitária

domingo, julho 14, 2013


POR EUGÊNIO BUCCI


REVISTA ÉPOCA


A solidão do poder, tratando-se de Dilma Rousseff, é um presídio. Ou, pior, é uma cela incomunicável. A presidente da República já não consegue fazer contato com seus auxiliares, com os parlamentares, com os partidos, com as centrais sindicais, com as ruas - e, principalmente, com a nação. Disciplinada, ela insiste. Marca reuniões com um grupo restrito de ministros, consulta-se eventualmente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, amiúde, segue as orientações dos profissionais de marketing a seu serviço. E nada dá certo. Como se fosse uma náufraga, perdida numa ilhota em alto-mar, a chefe do Estado brasileiro lança garrafas sobre as ondas, e suas mensagens não encontram o destinatário. Raramente, vão bater no destinatário errado. Sem respostas positivas, ela não vislumbra o que a espera. Sua solidão é sólida como a rocha e enigmática feito a esfinge.

Há um diagnóstico fácil para esse quadro clínico: a falta de comunicação que acometeu o Palácio do Planalto resulta do isolamento que se abateu sobre a presidente. Desesperados, então, seus assessores tentam até o fim, como na canção de Roberto Carlos. Num lance de aparente ousadia, tentam aproximá-la do povo que se manifesta nas ruas e, de novo, erram a mão. Bolam comunicados contundentes, inventam propostas salvadoras, lançam campanhas de televisão e, outra vez, nada funciona. O círculo da presidente não se deu conta de que o naufrágio a que ela ainda sobrevive não é fruto do isolamento, mas o contrário: o isolamento político teve início no naufrágio da comunicação. A ilha deserta em que Dilma se vê confinada não foi a causa da incomunicabilidade. Foi, isto sim, a consequência. Agora, aumentar a dose de comunicação errada não resolverá nada; a comunicação errada apenas piorará as coisas, como o mês de junho deixou claro.

Foi bem revelador o que aconteceu há duas semanas. Diante das passeatas que transformaram as ruas das cidades brasileiras em rios de gente indignada, a presidente da República resolveu falar em rede nacional de televisão. Numa das mais desajeitadas jogadas de marketing da história recente do país, deu respostas a perguntas que ninguém tinha feito. Chamou para si um amontoado de problemas que ninguém achava que fossem problemas dela. Conclamou "pactos" a que ninguém quis aderir. As reclamações dos protestos falavam das tragédias concretas da vida prática: transporte público aviltante, saúde pública miserável, educação deformante e gatunagem do dinheiro público. Dilma respondeu a todas com uma abstração complexa: a reforma política, acrescida de plebiscito e constituinte exclusiva. Esta última, o centro da fala presidencial, soçobrou nas 24 horas seguintes. O plebiscito morreu há poucos dias, na semana que passou. Quanto à reforma política - necessária, por certo, gravemente necessária, mas que não era reivindicação de nenhum dos protestos -, ficou a ver navios nas proximidades da ilha deserta. Não se sabe no que vai dar, já que tudo agora depende do Congresso Nacional.

No que era acessório, Dilma emplacou uma coisa ou outra, é verdade. Propôs chamar a corrupção de crime hediondo, e isso pegou. A história dos royalties do petróleo para a educação e saúde parece que também colou. De resto, os artifícios contábeis de bilhões para isso e aquilo foram percebidos como o que de fato eram: artifícios contábeis.

Se a presidente deu respostas descabidas a perguntas não formuladas pelas ruas, não foi por não saber falar. Foi, antes, por não saber ouvir. Para certas situações, acompanhar obstinadamente os índices de popularidade não basta. Para entender com rapidez os anseios e as aflições dos habitantes das cidades médias e grandes, não basta decifrar pesquisas de opinião. Para isso, os governantes precisam simplesmente saber conversar com gente que anda de ônibus, com médicos e pacientes da rede pública e até mesmo com deputados e senadores. É aí que entra esse componente insondável e insubstituível da administração pública: o talento político. O bom político se caracteriza por essa particular habilidade para a comunicação, que envolve o gosto pela conversa, a arte de motivar pessoas e a vocação para liderar. A comunicação do Palácio do Planalto errou a mão definitivamente quando desistiu de ser política, no sentido mais alto da palavra, e se contentou em ser técnica, matemática e meramente publicitária.

Daí vem a solidão da presidente, uma solidão que cobra caro. Dilma talvez não disponha da moeda para pagar seu próprio resgate. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Dilma: A solidão na crise


DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

05 de julho de 2013 | 2h 07
Um político que não milita no Executivo nem faz parte da roda de conselheiros, mas é muito próximo de Dilma Rousseff, teve dois sugestivos diálogos na semana passada. Um com ela, no Palácio do Planalto, outro com o presidente do Senado, Renan Calheiros.
A intenção dele era ajudá-la a encontrar uma saída, mas tudo o que conseguiu foi concluir que a presidente tem consciência de que está numa encruzilhada da qual não sabe como sair e que se sente abandonada pelo PT e pelos partidos da base aliada.
"Ninguém me defende, fugiram todos", disse ela ao interlocutor. A maior parte do tempo, no entanto, ouviu calada.
O amigo lhe disse: "Você nunca quis 39 ministérios, não pediu para o Brasil sediar a Copa, de verdade não queria a parceria com o PMDB. Isso tudo é herança do Lula".
Silêncio. "Essa não é você", ponderou o amigo, aconselhando-a a reagir segundo as próprias convicções. Da Copa não é possível voltar atrás, "mas você pode reduzir o número de ministérios e deixar de lado a aliança com o PMDB", insistiu.
Silêncio. Rompido apenas para externar o desagrado por pagar a conta sozinha: "Estou apanhando de todos os lados e nem tudo é responsabilidade minha". Não falou mal de Lula, não criticou esse ou aquele aliado, não deu sinal de que tenha a mais pálida ideia do que fazer.
O interlocutor da presidente saiu dali e foi procurar o presidente do Senado para lembrar-lhe alguns fatos e cobrar lealdade. "O governo foi forçado a apoiar sua volta à presidência, não faltou ao Sarney quando ele quase foi afastado na crise dos atos secretos (em 2009), por que agora essa atitude agressiva sua e do PMDB?"
Frio como um peixe, Calheiros respondeu: "Porque ela tentou jogar a crise no colo do Congresso". Segundo consta, nada mais disse nem lhe foi perguntado.
A conversa aconteceu dias depois de o presidente do Senado ter requisitado avião da FAB para ir ao casamento da filha do líder do governo Eduardo Braga, em Trancoso (BA), enquanto o País gritava de Norte a Sul que está farto dos espertos.
Chá e antipatia. O tempo fechou na reunião ministerial de segunda-feira quando o ministro Moreira Franco (PMDB) falou em inflação em termos, digamos mais realistas que o cenário cor-de-rosa pintado pelo colega Guido Mantega.
A certa altura, a presidente Dilma Rousseff o chamou de "burro".
No dia seguinte, na reunião da executiva do partido, nenhum dos ministros do partido - só Edison Lobão não foi, alegando doença - disse uma palavra em defesa da presidente que no encontro só não foi chamada de bonitinha.
Pode até ter sido arroubo momentâneo, mas na versão original da nota oficial sobre o resultado da reunião constava a disposição de entregarem os cargos. O texto dizia algo como "que a presidente faça o que quiser com os ministérios". A turma do deixa disso ponderou que os termos poderiam soar pessoalmente ofensivos e que não era hora de radicalizar em público.
Sobre eleição e reedição da aliança com o PT, o clima, que já não era bom antes da queda de Dilma nas pesquisas, ficou muito pior, mas o momento é de indefinição.
O PMDB não vê como a presidente possa voltar ao patamar anterior, não crê na candidatura de Lula, acha que quem vai se beneficiar eleitoralmente é quem, no campo da oposição, souber capitalizar a insatisfação, mas não vê um nome no horizonte.
Telhado de vidro. O PMDB e o Congresso estão sem autoridade para revides depois que se descobriu que os presidentes da Câmara e do Senado - ambos do partido e eleitos pela maioria dos pares - fizeram uso particular de bem público em desfaçatez ímpar, dado o momento.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Dilma e o ketchup

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O Estado de S.Paulo 
Quando um fenômeno sem precedentes ocorre, faltam parâmetros para analisá-lo. As fórmulas gastas e os chavões não servem. Para entender o que acontece com a popularidade da presidente Dilma Rousseff é preciso combinar a ciência política com a física teórica. É exótico, mas o fato em análise também é.
Desde que se começou a sondar regularmente a opinião pública sobre o desempenho dos presidentes brasileiros, após a ditadura, nunca houve uma queda como a de Dilma. Uns governantes chegaram bem mais baixo, outros perderam mais pontos, mas ninguém caiu tão rapidamente quanto a presidente caiu em três semanas.
Dilma perde dois pontos de sua popularidade por dia, em média, desde o começo de junho. É três vezes mais rápido do que a maior perda de qualquer outro presidente desde o general Figueiredo. Colocada num gráfico (http://blog.estadaodados.com/aqueda), a curva de popularidade de Dilma vira uma queda livre, tão vertical que parece que a tinta escorreu. Não é erro.
É uma avalanche. Começou aparentemente do nada e virou um cataclismo. Na física, esses eventos inesperados de proporções gigantescas são associados ao que se chama de estado crítico: um intenso acúmulo de tensões que acabam liberadas de uma vez só.
É um fenômeno tão ubíquo que ocorre tanto na crosta terrestre (os terremotos) quanto nas garrafas de ketchup. Está presente em todos os lugares, mas é impossível de prever. Ninguém sabe quantos tapas pode dar no fundo da garrafa antes de ela despejar uma dose indesejada de ketchup no sanduíche. Quando se percebe, é tarde demais. Foi o que aconteceu com a popularidade de Dilma.
Havia estresse acumulado em várias camadas da sociedade brasileira, numa trama propícia ao deslizamento. É a inflação corroendo o poder de compra dos emergentes. É a insatisfação crescente de quem viu os de cima e os de baixo subirem enquanto ele camela no mesmo lugar. É o ônibus que não anda, a escola que não ensina, o hospital que não cura. Os protestos dos filhos da classe média foram apenas o último tapa no fundo da garrafa.
Quem viajou para o exterior no fim de maio e voltou hoje terá retornado a um País diferente do que deixou. E não são só os manifestantes bloqueando o caminho do aeroporto. O Brasil rompeu um ponto crítico. O que parecia um sólido apoio popular derreteu, o que era líquido e certo evaporou.
Uma avalanche, um terremoto, um grande incêndio, uma revolução são fruto de uma sequência de fatos aleatórios que acumula cada vez mais tensão até chegar ao estado crítico. Nesse ponto, um simples grão de areia é capaz de fazer desmoronar uma montanha. É a proverbial gota d'água que transborda e rompe o dique.
Tão mais raro é o fenômeno, maior ele é. Uma avalanche como a que atingiu Dilma só se explica pelo acúmulo por décadas de tensões históricas que não encontram mais na política a sua válvula de escape. Os mecanismos de representação ficaram insuficientes para dissipar o estresse e resolver os conflitos.
Com ou sem razão, Dilma personificou a crise. Estava bem na frente quando tudo deslizou. Acabou servindo de para-choque. Mesmo se a presidente propõe algo que tem o apoio de mais de dois terços dos brasileiros - como o plebiscito e a Constituinte para reformar a política -, isso não melhora a sua imagem.
A consequência imediata é que o drive eleitoral mudou. O desejo de continuidade virou desejo de mudança. Os 25% de simpatia que o PT sustenta apesar da crise possibilitam sonhar com um lugar na reta final de 2014, mas são insuficientes para a vitória. Aumenta a pressão para Lula sair da história para voltar à vida.
Na oposição, o cenário passa a ser de briga entre os candidatos pela outra vaga, já que o segundo turno parece garantido. Tudo parece certo, até a próxima avalanche reescrever a história.