terça-feira, 29 de maio de 2012

A tentativa frustada dos "stalinistas" brasileiros de sufocar a imprensa

Policarpo e o suicídio da imprensa brasileira

“Cachoeira trocou mais de 200 ligações com redator-chefe da Veja”. Assim começava, em 26 de março, a saga de setores da imprensa contra o jornalista Policarpo Junior, que há mais de duas décadas cobre os bastidores de Brasília. A suposta informação estimulou sites, blogs e outros veículos a clamarem por seu depoimento à CPMI, como estratégia de atingir o alvo desejado: a revista Veja.
Parte da mídia – com os chamados “blogs sujos” e participações da TV Record e da revista Carta Capital - mostra nos últimos dois meses enorme apetite para insinuar que o jornalista e o veículo para o qual trabalha protegiam e prestavam favores ao “bicheiro”. Parecem famintos pela degradação ética de Policarpo, o que acertaria em cheio a revista na qual ele é chefe da sucursal em Brasília.
Dois meses depois do início da campanha contra o jornalista, as denúncias não se sustentaram. As 200 ligações viraram duas e o delegado da Polícia Federal, responsável pela operação que investigou o contraventor, afirmou à CPMI que a relação de Policarpo com Cachoeira não passou de mero protoloco: um profissional com a sua fonte de informação. Mas os ataques continuam insistentes, a despeito das impropriedades. Desde 25 de março, o nome do jornalista esteve relacionado ao “bicheiro” em mais de 36 mil conteúdos publicados na internet.

Nessa onda, nem mesmo a promoção conquistada por Policarpo no início do ano a redator-chefe foi poupada. Alguns raivosos preferiram associá-la a uma troca de favores por “serviços prestados de forma ilícita”. Nada provado, inclusive nos áudios que integram o inquérito.
Sem fundamento, o que parece existir é a tentativa de desqualificar um dos jornalistas que deu início às denúncias do Mensalão, escândalo que, curiosamente, é abordado pela mídia antiVeja com extrema displicência, quando não inteiramente ignorado ou tratado como “delírio dos grandes grupos controladores da mídia brasileira”.
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Setores da mídia tentam pôr em xeque a credibilidade de Policarpo Junior 
(Imagem: Divulgação/Editora Abril)

Na Veja (onde está há cerca de 20 anos) ou no Correio Braziliense, Policarpo sempre trouxe relevância em suas reportagens investigativas, algumas delas relacionadas ao “presidente interrompido” (Fernando Collor) ou ao “senador encarcerado” (Luiz Estevão). Não é só isso: em 1995, Policarpo foi ameaçado de agressão e mantido em cárcere privado pelo empreiteiro Cecílio do Rego Almeida. À época, ele apurava a denúncia de instalação de escutas ilegais no gabinete do governador do Paraná, o atual senador tucano Álvaro Dias. Ao buscar a versão do empreiteiro, em vez de respostas, o que encontrou foi a prisão no apartamento do empresário, em Curitiba. Seu currículo traz ainda registros históricos em denúncias sobre os “Anões do orçamento” e o caso Cacciola.
Além de ir a campo, produzir e editar, Policarpo investe naqueles que seguem na mesma estrada. Sob sua indicação, Veja foi buscar no Estadão o jornalista Rodrigo Rangel, primeiro a assinar uma matéria que mostrava as estreitas relações entre o senador Demóstenes Torres e o contraventor Cachoeira. Rangel é o mesmo profissional agredido por um lobista em atuação no Ministério da Agricultura.
O desejo deste setor da mídia em manchar e desclassificar Policarpo talvez fizesse algum sentido se, ao menos, amparassem o que postulam naquilo que consideram critério inegociável quando o lado que defendem é acusado: a exigência da prova. No entanto, neste vale-tudo que expõe a imprensa como parte mais frágil da manipulação política brasileira, vão se os dedos e os anéis.
Até que se prove o contrário, respeitar o trabalho e a história de Policarpo significa respeitar o jornalismo. Não se trata aqui de defender este ou aquele veículo; este ou aquele profissional. Trata-se de defender a responsabilidade e defender a imprensa de estratagemas comprometidos com fins pouco saudáveis para a sociedade.
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Sem provas, Record falou em "conexão assustadora" entre jornalista e contraventor 
(Imagem: Reprodução/R7)

*O texto não representa necessariamente a opinião do Grupo Comunique-se. Todo o conteúdo publicado é de responsabilidade do autor.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Para fazer sua camisa pelo julgamento do #Mensalão!

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domingo, 6 de maio de 2012

Documentário Ilha de Itaparica

Associações condenam violência contra jornalistas e cobram medidas



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FOLHA DE SÃO PAULO
Em nota divulgada neste sábado (5), a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e outras cinco associações de imprensa da América do Sul condenam a violência contra jornalistas e cobram dos governos medidas policiais e judiciais de combate à impunidade.
"A luta contra a impunidade é inadiável", diz o texto da nota. Só no México, foram assassinados 77 jornalistas desde o ano 2000 --todos vítimas de grupos vinculados ao narcotráfico.
Em toda a América Latina, a intolerância custou a vida de 29 repórteres em 2011. No Brasil, só em 2012 foram mortos quatro jornalistas.
Na nota, as associações pedem garantia de "segurança daqueles que exercem o ofício jornalístico e são ameaçados por um flagelo que se estende por todo o continente", reforço de ações "policial e judicial para deter e condenar os autores dessas ameaças, atentados, torturas e mortes" e o término da "cultura de intolerância em relação à imprensa que acaba por incentivar as agressões contra meios de comunicação".
"A liberdade de expressão e o direito do cidadão à informação, pressupostos ineludíveis do sistema democrático, são gravemente afetados quando se amedronta, hostiliza ou ataca a imprensa e quem nela trabalha", afirmam. O texto é assinado por associações de jornais da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
No último dia 3, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, as seis associações divulgaram um alerta sobre a violência contra jornalistas, a Declaração de Santiago. O texto destaca que os jornalistas assassinados na região somam "um terço do total mundial".
COMITÊ
O governo brasileiro decidiu criar um comitê de acompanhamento dos casos de violência contra jornalistas.
Chamado de "observatório", o comitê será coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e terá a participação de entidades.
O objetivo é centralizar as informações e levantar estatísticas sobre os casos de violência

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dilma, FHC e a corda esticada

01/05/2012 - 07h00

Por Valdo Cruz - Folha.com

Pode parecer mentira, mas é fato. Eles só não vão admitir isso publicamente, mas alguns petistas gostaram do tom da entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Maria Cristina Frias (íntegra disponível para assinantes da Folha e do UOL), na qual ele faz um alerta à presidente Dilma. Ao classificar de "importante" a faxina promovida pela presidente, FHC ressaltou que "talvez ela não avalie o risco político que está correndo".
Tem muita gente dentro do PT, sem falar no PMDB, que reservadamente vem reclamando do estilo da presidente Dilma em relação à sua base aliada e da forma como ela trata sua articulação política.
Um petista com livre trânsito no Palácio do Planalto destacou principalmente a frase em que FHC diz que "o Congresso brasileiro é mais forte do que se pensa. Se não tem certa capacidade de entender o papel do Congresso no sistema brasileiro, você pode se dar mal".
Aliados e assessores presidenciais defendem, por exemplo, que Dilma Rousseff amplie seu leque de interlocutores políticos e crie um fórum permanente de debate interno do governo, principalmente de temas relacionadas à sua base aliada.
A avaliação é que a presidente está "muito isolada" em suas decisões, ouvindo poucas pessoas, geralmente apenas aquelas ligadas diretamente à área relacionada à medida que está estudando. A criação da CPI do Cachoeira é um exemplo citado dentro do governo como resultado desta pouca disposição presidencial de ouvir o mundo político.
No caso específico da comissão parlamentar de inquérito, Dilma deu ouvidos basicamente ao ex-presidente Lula e a alguns petistas. Aliados e assessores acreditam que a CPI poderia nem ter sido criada se ela tivesse procurado debater o tema com políticos de outros partidos, principalmente aqueles com experiência em comissões parlamentares de investigação.
Os nomes do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) e do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PC do B-SP), são mencionados como interlocutores que poderiam ter aconselhado a presidente a tentar evitar a CPI do Cachoeira.
A escolha do deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para comandar o Ministério do Trabalho também é apontada por aliados como um erro político da presidente Dilma no seu relacionamento com sua base de apoio no Congresso.
Primeiro, porque Brizola Neto não une a bancada pedetista. Segundo, pelo fato de ela insistir em manter o PDT no comando da pasta, um partido com uma bancada de apenas 26 deputados, que não vota unida com o governo. Pelo contrário, nas últimas votações tem dado mais votos contra do que a favor do Palácio do Planalto.
Tudo indica, porém, que, a despeito das queixas de petistas e peemedebistas, Dilma Rousseff não pretende mudar seu estilo. Pelo contrário, os sinais emitidos pelo Planalto apontam na direção contrária ao desejado pelos aliados.
A mudança de diretores na Petrobras é um exemplo claro. Dilma sinalizou que não quer mais partidos políticos com grande influência nos destinos da maior estatal brasileira. Deixou insatisfeitos os partidos políticos que estavam acostumados a usar o poder da estatal em benefício próprio.
Enfim, Dilma vai esticando a corda. Com a popularidade nas alturas, ela encontra respaldo e apoio na população para seguir tocando o governo a seu estilo. Mas como disse FHC, o Congresso brasileiro é mais forte do que se pensa. Só uma observação: talvez os tempos estejam, de fato, mudando por aqui, e o mundo político terá que se acostumar com um novo modo de convivência com o Executivo. O que será uma grande evolução e profundamente benéfico ao país. A conferir.