terça-feira, 16 de julho de 2013

84,3% aprovam manifestações, mostra pesquisa CNT


Para 40,3% dos entrevistados, fim da corrupção foi a reivindicação mais importante dos protestos

16 de julho de 2013 | 11h 38

Laís Alegretti e Daiene Cardoso - Agência Estado
A pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e realizada pela MDA entre 7 a 10 de julho, em 134 municípios brasileiros, aponta que 84,3% dos entrevistados aprovaram os protestos de rua que ocorreram no País recentemente. Outros 13,9% desaprovaram as manifestações.
Para 40,3% dos entrevistados, o fim da corrupção foi a reivindicação mais importante dos protestos. Outros 24,6% acreditam que a reivindicação mais importante foi por melhorias na saúde e 16,5%, pela reforma política. Em relação aos destinatários das manifestações, 49,7% dos entrevistados apontaram que os protestos são contras os políticos em geral, 21% consideram que são contra o sistema político e 15,9% não acreditam que sejam contra a presidente Dilma Rousseff.
Em relação ao motivo das manifestações, 55% apontam insatisfação com a corrupção; 47,2%, com serviços de saúde; 43,7%, com o gastos da Copa do Mundo; 30,8%, falaram de insatisfação com os preços e a qualidade do transporte público.
Médicos. A população brasileira está dividida em relação ao apoio à vinda de médicos estrangeiros, segundo a pesquisa. São a favor da importação desses profissionais 49,7% dos entrevistados e 47,4% são contra a iniciativa.
O presidente da Confederação Nacional dos Transportes, senador Clésio Andrade, afirmou que o governo não tem o apoio da maioria dos brasileiros nessa medida. "A Dilma mais perdeu do que ganhou com esse processo", disse.

domingo, 14 de julho de 2013

Dilma, a solitária

domingo, julho 14, 2013


POR EUGÊNIO BUCCI


REVISTA ÉPOCA


A solidão do poder, tratando-se de Dilma Rousseff, é um presídio. Ou, pior, é uma cela incomunicável. A presidente da República já não consegue fazer contato com seus auxiliares, com os parlamentares, com os partidos, com as centrais sindicais, com as ruas - e, principalmente, com a nação. Disciplinada, ela insiste. Marca reuniões com um grupo restrito de ministros, consulta-se eventualmente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, amiúde, segue as orientações dos profissionais de marketing a seu serviço. E nada dá certo. Como se fosse uma náufraga, perdida numa ilhota em alto-mar, a chefe do Estado brasileiro lança garrafas sobre as ondas, e suas mensagens não encontram o destinatário. Raramente, vão bater no destinatário errado. Sem respostas positivas, ela não vislumbra o que a espera. Sua solidão é sólida como a rocha e enigmática feito a esfinge.

Há um diagnóstico fácil para esse quadro clínico: a falta de comunicação que acometeu o Palácio do Planalto resulta do isolamento que se abateu sobre a presidente. Desesperados, então, seus assessores tentam até o fim, como na canção de Roberto Carlos. Num lance de aparente ousadia, tentam aproximá-la do povo que se manifesta nas ruas e, de novo, erram a mão. Bolam comunicados contundentes, inventam propostas salvadoras, lançam campanhas de televisão e, outra vez, nada funciona. O círculo da presidente não se deu conta de que o naufrágio a que ela ainda sobrevive não é fruto do isolamento, mas o contrário: o isolamento político teve início no naufrágio da comunicação. A ilha deserta em que Dilma se vê confinada não foi a causa da incomunicabilidade. Foi, isto sim, a consequência. Agora, aumentar a dose de comunicação errada não resolverá nada; a comunicação errada apenas piorará as coisas, como o mês de junho deixou claro.

Foi bem revelador o que aconteceu há duas semanas. Diante das passeatas que transformaram as ruas das cidades brasileiras em rios de gente indignada, a presidente da República resolveu falar em rede nacional de televisão. Numa das mais desajeitadas jogadas de marketing da história recente do país, deu respostas a perguntas que ninguém tinha feito. Chamou para si um amontoado de problemas que ninguém achava que fossem problemas dela. Conclamou "pactos" a que ninguém quis aderir. As reclamações dos protestos falavam das tragédias concretas da vida prática: transporte público aviltante, saúde pública miserável, educação deformante e gatunagem do dinheiro público. Dilma respondeu a todas com uma abstração complexa: a reforma política, acrescida de plebiscito e constituinte exclusiva. Esta última, o centro da fala presidencial, soçobrou nas 24 horas seguintes. O plebiscito morreu há poucos dias, na semana que passou. Quanto à reforma política - necessária, por certo, gravemente necessária, mas que não era reivindicação de nenhum dos protestos -, ficou a ver navios nas proximidades da ilha deserta. Não se sabe no que vai dar, já que tudo agora depende do Congresso Nacional.

No que era acessório, Dilma emplacou uma coisa ou outra, é verdade. Propôs chamar a corrupção de crime hediondo, e isso pegou. A história dos royalties do petróleo para a educação e saúde parece que também colou. De resto, os artifícios contábeis de bilhões para isso e aquilo foram percebidos como o que de fato eram: artifícios contábeis.

Se a presidente deu respostas descabidas a perguntas não formuladas pelas ruas, não foi por não saber falar. Foi, antes, por não saber ouvir. Para certas situações, acompanhar obstinadamente os índices de popularidade não basta. Para entender com rapidez os anseios e as aflições dos habitantes das cidades médias e grandes, não basta decifrar pesquisas de opinião. Para isso, os governantes precisam simplesmente saber conversar com gente que anda de ônibus, com médicos e pacientes da rede pública e até mesmo com deputados e senadores. É aí que entra esse componente insondável e insubstituível da administração pública: o talento político. O bom político se caracteriza por essa particular habilidade para a comunicação, que envolve o gosto pela conversa, a arte de motivar pessoas e a vocação para liderar. A comunicação do Palácio do Planalto errou a mão definitivamente quando desistiu de ser política, no sentido mais alto da palavra, e se contentou em ser técnica, matemática e meramente publicitária.

Daí vem a solidão da presidente, uma solidão que cobra caro. Dilma talvez não disponha da moeda para pagar seu próprio resgate. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Dilma: A solidão na crise


DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

05 de julho de 2013 | 2h 07
Um político que não milita no Executivo nem faz parte da roda de conselheiros, mas é muito próximo de Dilma Rousseff, teve dois sugestivos diálogos na semana passada. Um com ela, no Palácio do Planalto, outro com o presidente do Senado, Renan Calheiros.
A intenção dele era ajudá-la a encontrar uma saída, mas tudo o que conseguiu foi concluir que a presidente tem consciência de que está numa encruzilhada da qual não sabe como sair e que se sente abandonada pelo PT e pelos partidos da base aliada.
"Ninguém me defende, fugiram todos", disse ela ao interlocutor. A maior parte do tempo, no entanto, ouviu calada.
O amigo lhe disse: "Você nunca quis 39 ministérios, não pediu para o Brasil sediar a Copa, de verdade não queria a parceria com o PMDB. Isso tudo é herança do Lula".
Silêncio. "Essa não é você", ponderou o amigo, aconselhando-a a reagir segundo as próprias convicções. Da Copa não é possível voltar atrás, "mas você pode reduzir o número de ministérios e deixar de lado a aliança com o PMDB", insistiu.
Silêncio. Rompido apenas para externar o desagrado por pagar a conta sozinha: "Estou apanhando de todos os lados e nem tudo é responsabilidade minha". Não falou mal de Lula, não criticou esse ou aquele aliado, não deu sinal de que tenha a mais pálida ideia do que fazer.
O interlocutor da presidente saiu dali e foi procurar o presidente do Senado para lembrar-lhe alguns fatos e cobrar lealdade. "O governo foi forçado a apoiar sua volta à presidência, não faltou ao Sarney quando ele quase foi afastado na crise dos atos secretos (em 2009), por que agora essa atitude agressiva sua e do PMDB?"
Frio como um peixe, Calheiros respondeu: "Porque ela tentou jogar a crise no colo do Congresso". Segundo consta, nada mais disse nem lhe foi perguntado.
A conversa aconteceu dias depois de o presidente do Senado ter requisitado avião da FAB para ir ao casamento da filha do líder do governo Eduardo Braga, em Trancoso (BA), enquanto o País gritava de Norte a Sul que está farto dos espertos.
Chá e antipatia. O tempo fechou na reunião ministerial de segunda-feira quando o ministro Moreira Franco (PMDB) falou em inflação em termos, digamos mais realistas que o cenário cor-de-rosa pintado pelo colega Guido Mantega.
A certa altura, a presidente Dilma Rousseff o chamou de "burro".
No dia seguinte, na reunião da executiva do partido, nenhum dos ministros do partido - só Edison Lobão não foi, alegando doença - disse uma palavra em defesa da presidente que no encontro só não foi chamada de bonitinha.
Pode até ter sido arroubo momentâneo, mas na versão original da nota oficial sobre o resultado da reunião constava a disposição de entregarem os cargos. O texto dizia algo como "que a presidente faça o que quiser com os ministérios". A turma do deixa disso ponderou que os termos poderiam soar pessoalmente ofensivos e que não era hora de radicalizar em público.
Sobre eleição e reedição da aliança com o PT, o clima, que já não era bom antes da queda de Dilma nas pesquisas, ficou muito pior, mas o momento é de indefinição.
O PMDB não vê como a presidente possa voltar ao patamar anterior, não crê na candidatura de Lula, acha que quem vai se beneficiar eleitoralmente é quem, no campo da oposição, souber capitalizar a insatisfação, mas não vê um nome no horizonte.
Telhado de vidro. O PMDB e o Congresso estão sem autoridade para revides depois que se descobriu que os presidentes da Câmara e do Senado - ambos do partido e eleitos pela maioria dos pares - fizeram uso particular de bem público em desfaçatez ímpar, dado o momento.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Dilma e o ketchup

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O Estado de S.Paulo 
Quando um fenômeno sem precedentes ocorre, faltam parâmetros para analisá-lo. As fórmulas gastas e os chavões não servem. Para entender o que acontece com a popularidade da presidente Dilma Rousseff é preciso combinar a ciência política com a física teórica. É exótico, mas o fato em análise também é.
Desde que se começou a sondar regularmente a opinião pública sobre o desempenho dos presidentes brasileiros, após a ditadura, nunca houve uma queda como a de Dilma. Uns governantes chegaram bem mais baixo, outros perderam mais pontos, mas ninguém caiu tão rapidamente quanto a presidente caiu em três semanas.
Dilma perde dois pontos de sua popularidade por dia, em média, desde o começo de junho. É três vezes mais rápido do que a maior perda de qualquer outro presidente desde o general Figueiredo. Colocada num gráfico (http://blog.estadaodados.com/aqueda), a curva de popularidade de Dilma vira uma queda livre, tão vertical que parece que a tinta escorreu. Não é erro.
É uma avalanche. Começou aparentemente do nada e virou um cataclismo. Na física, esses eventos inesperados de proporções gigantescas são associados ao que se chama de estado crítico: um intenso acúmulo de tensões que acabam liberadas de uma vez só.
É um fenômeno tão ubíquo que ocorre tanto na crosta terrestre (os terremotos) quanto nas garrafas de ketchup. Está presente em todos os lugares, mas é impossível de prever. Ninguém sabe quantos tapas pode dar no fundo da garrafa antes de ela despejar uma dose indesejada de ketchup no sanduíche. Quando se percebe, é tarde demais. Foi o que aconteceu com a popularidade de Dilma.
Havia estresse acumulado em várias camadas da sociedade brasileira, numa trama propícia ao deslizamento. É a inflação corroendo o poder de compra dos emergentes. É a insatisfação crescente de quem viu os de cima e os de baixo subirem enquanto ele camela no mesmo lugar. É o ônibus que não anda, a escola que não ensina, o hospital que não cura. Os protestos dos filhos da classe média foram apenas o último tapa no fundo da garrafa.
Quem viajou para o exterior no fim de maio e voltou hoje terá retornado a um País diferente do que deixou. E não são só os manifestantes bloqueando o caminho do aeroporto. O Brasil rompeu um ponto crítico. O que parecia um sólido apoio popular derreteu, o que era líquido e certo evaporou.
Uma avalanche, um terremoto, um grande incêndio, uma revolução são fruto de uma sequência de fatos aleatórios que acumula cada vez mais tensão até chegar ao estado crítico. Nesse ponto, um simples grão de areia é capaz de fazer desmoronar uma montanha. É a proverbial gota d'água que transborda e rompe o dique.
Tão mais raro é o fenômeno, maior ele é. Uma avalanche como a que atingiu Dilma só se explica pelo acúmulo por décadas de tensões históricas que não encontram mais na política a sua válvula de escape. Os mecanismos de representação ficaram insuficientes para dissipar o estresse e resolver os conflitos.
Com ou sem razão, Dilma personificou a crise. Estava bem na frente quando tudo deslizou. Acabou servindo de para-choque. Mesmo se a presidente propõe algo que tem o apoio de mais de dois terços dos brasileiros - como o plebiscito e a Constituinte para reformar a política -, isso não melhora a sua imagem.
A consequência imediata é que o drive eleitoral mudou. O desejo de continuidade virou desejo de mudança. Os 25% de simpatia que o PT sustenta apesar da crise possibilitam sonhar com um lugar na reta final de 2014, mas são insuficientes para a vitória. Aumenta a pressão para Lula sair da história para voltar à vida.
Na oposição, o cenário passa a ser de briga entre os candidatos pela outra vaga, já que o segundo turno parece garantido. Tudo parece certo, até a próxima avalanche reescrever a história.

domingo, 23 de junho de 2013

O Marketing Político pode até eleger um poste...


O Marketing Político pode até eleger um poste, para cargos públicos, mas não é capaz de evitar "curtos circuitos provocados...

por José Américo (Notas) em Domingo, 23 de Junho de 2013 às 09:56
Os protestos que não cessam e inundam todo o País podem surpreender a muitos, mas foram causados por sucessivos erros de governança e prepotência política de stalinistas desacostumados com o contraditório do debate e evolução, necessários, à  nossa jovem democracia.

Queiram ou não o jovem e promissor Brasil de hoje nasceu com a primeira eleição direta no pós ditadura, em 1989. Collor entre erros e acertos, provocou o início da abertura econômica tão necessária ao desenvolvimento moderno do nosso País.

A prepotência política e a corrupção destituíram aquele que foi eleito como a grande esperança do surgimento de um novo modelo de poder. 

Itamar, com seu jeito, tradicionalmente, mineiro fez a transição com habilidade e equilíbrio indispensáveis ao delicado momento que vivia as instituições democráticas da "nova nação" que surgia cambaleante,  com a constituição de 1988. Os avanços econômicos iniciados por Collor foram continuados e o então jovem político cearense Ciro Gomes teve papel preponderante neste setor. Substituido pelo sociólogo paulista Fernando Henrique Cardoso, deu-se início à construção do mais audacioso projeto político-econômico já vivido no País. Criou-se o Plano Real, dando início a uma sonhado período de estabilidade econômica, encerrando uma era de inflação e descontrole de preços que atormentava a vida dos brasileiros no dia a dia e comprometia o desenvolvimento da maior "potência" do hemisfério Sul.

Eleito presidente em 1994 FHC cuidou de manter e garantir o amadurecimento da estabilidade econômica. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal também foi um marco e uma grande conquista da sociedade em seu governo.

Mas nada é perfeito!

Com sede de poder o grupo ligado ao presidente articula uma nefasta manobra política para garantir o prolongamento do mandato presidencial e utilizando métodos nada republicanos, consegue êxito e aprova o projeto da reeleição para cargos executivos, possibilitando a disputa por mais um mandato para aqueles que estavam ocupando o poder. Um grande erro. Uma aberração para a consolidação da jovem democracia brasileira. As alianças e conchavos espúrios deram lugar aos interesses nacionais. 

Tinham todas as condições para fazer uma grande e verdadeira reforma política, mas sucumbiram à soberba dos que se julgam poderosos e acima dos normais.O ex-ministro das Comunicações Sérgio Mota, eminência parda do governo, é o grande articulador desse desastre político do governo tucano.

O segundo mandato foi uma lástima e o "é dando que se recebe" prevaleceu e comprometeu a saúde econômica do País. Um projeto econômico sério se alimenta de um cardápio que não pode dispensar a austeridade e o ajuste das contas públicas, regado de políticas de estado consistentes, que sejam vacinadas contra soluções de continuidade, numa eventual e salutar alternância de poder.

Insatisfeitos, os brasileiros não perdem a esperança e elegem o primeiro operário para a presidência da República. mais um marco na nossa jovem democracia.

Pisando em bases econômicas relativamente firmes, apesar dos contratempos causados pela crise financeira internacional que afetou o mercado brasileiro a partir de 1998, Lula da Silva, aproveita alguns avanços sociais do governo do seu antecessor e avança na ampliação da distribuição de renda, com uma visão populista excessiva.

De origem stalinista, ele e seu grupo parte para o aparelhamento do Estado e despreza o aprimoramento técnico da máquina pública, que deve sempre buscar a eficiência e austeridade com o objetivo comum de servir a toda a sociedade e não a grupos. O caudilho Lula começa a saborear a fruta do pecado, como sobremesa da Santa Ceia. Sem saber estava escrevendo o seu roteiro de via crucis.

Sobre o manto de um marketing político competente e torrando os cofres abarrotados pelas conquistas econômicas do Plano Real, Lula faz concessões fiscais irresponsáveis com o único objetivo de prosperar politicamente diante da massa iludida por conquistas fáceis. O incentivo ao consumo assume a locomotiva da política econômica em detrimento dos investimentos em infra-estrutura. Um erro proposital e criminoso para o futura do País. 

A insaciável sede de poder dos stalinistas no poder faz crescer, ainda mais, o "é dando que se recebe"e o governo Lula promove o maior escândalo de corrupção da história recente do País. Denominado Mensalão e articulado por seu fiel escudeiro, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, patrocinou propinas e desvios milionários de dinheiro público para cooptar aliados no Congresso Nacional.

Com mais medidas populista e a ausência de uma oposição forte, Lula da a volta por cima e se mantém muito popular entre as camadas mais baixas da população e força suficiente para pleitear a sua reeleição em 2006.

Reeleito para mais quatro anos de governo Lula acredita que a fonte do dinheiro público fácil é inesgotável e que sua politica de migalhas de pão e circo para o povo lhe garantiria a perpetuação no poder. Chegou até a pensar em alterar a constituição para lhe permitir reeleições consecutivas e ininterruptas. 

Elegeu Dilma Rouself, considerada por muitos como "um poste" pela falta de experiências políticas e por ser uma candidata escolhida e imposta pelo "chefe" e não num processo de sucessão que caracterizasse uma escolha partidária.

Diante dos desmando e erros do seu governo, eleger Dilma em 2010 era uma questão de vida ou morte para os petistas.

A disputa não foi fácil, mas a falta de uma candidato de oposição com um programa de governo e um discurso novo,  que oferecesse uma alternativa clara para a população, a vitoria lulista era vista à distância. Não fosse o inesperado sucesso eleitoral da candidata Verde Marina Silva - que consegui a soma de mais de 20 milhões de votos - teria vencido com uma vantagem esmagadora.

Dilma continua com a receita do seu criador. Amarrada em conchavos e acordos políticos espúrios o governo Dilma e, frequentemente, sacudido por escândalos de corrupção e seus projetos não conseguem sair do papel sem os descaminhos das verbas públicas. A saúde, a educação e a segurança pública se deterioram.

Mais medidas populistas de concessões fiscais para estimular o consumo, colocam de lado investimentos estruturais para prestigiar e proteger a imagem fantasiosa de aprovação dos governos petistas.

"Nada dura sempre, nem ninguém engano todo mundo o tempo todo"diz o ditado popular.

A onda de protestos que varre o País que começou contra o reajuste das passagens de ônibus em São Paulo , foi o estopim para estourar a bolha de insatisfação que se inflava no País desde  meados do governo de FHC, com o avanço da corrupção sobre a coisa pública, que agora avançando no governo Lula, chega ao estágio atual quando se mostra como "falência múltipla dos órgãos".

No mais lúcido artigo sobre a interpretação do atual momento em que vive a sociedade brasileira, a jornalista Miriam Leitão, mostra com fatos e dados as conseqüências dos erros cometidos pelos petistas nos últimos 10 anos de poder e que explicam, em parte, os por quês da crise em que hoje vivemos. Vejam e entendam o por quê do marketing político ser capar de eleger até  "um poste" para cargos públicos, mas não ser capaz de evitar "curtos circuitos provocados por gatos em instalações elétricas" :

Governo abriu mão de 22 bi destinados à infraestrutura de transporte

Por Mirian Leitão

Se ficarmos só no gatilho que levou o povo às ruas, há motivo de sobra para a insatisfação: O colapso da mobilidade urbana estressa diariamente as pessoas. Encurralou-se o direito de ir e vir. De 2008 até agora, o governo federal deixou de arrecadar, de quem abastece os carros com gasolina, R$ 22 bilhões. O destino desse dinheiro seria investimento em infraestrutura de transporte.
Os motivos são muitos, o desconforto é difuso, mas esta é a hora de pensar em todos os recados da rua. O transporte público é caro, e o serviço prestado pelos ônibus, péssimo. Isso vem de muito tempo. Mas piorou. O governo estimulou de forma exorbitante o uso do carro particular, o que ajudou a entupir as ruas. Abriu mão de recursos que, se bem usados, beneficiariam a todos.
Não há um culpado só. É impossível separar a violência da Polícia de São Paulo da escalada das manifestações. As cenas que chocaram o Brasil e o mundo da última quinta-feira foram gasolina em fogo já aceso. O governo de Geraldo Alckmin foi inepto ao lidar com a crise.
A crise da mobilidade urbana foi sendo aprofundada aos poucos. No Brasil, o transporte público foi sempre negligenciado, mas o governo federal escolheu um caminho insensato, que apertou o nó que sufoca os transeuntes das cidades brasileiras.
Foi eliminada a Cide e reduzido o IPI, para beneficiar o automóvel. Desta forma, foi incentivada a compra do carro particular e subsidiado o seu combustível. Duas das funções da Cide, de acordo com a lei de 2001 que a criou, eram investir em infraestrutura do transporte e atenuar os efeitos da poluição dos combustíveis. O imposto começou a ser reduzido em janeiro de 2008 e foi zerado em meados do ano passado. Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), nesse tempo, o governo deixou de recolher, só com a gasolina, R$ 22 bilhões.
Não está nessa conta o que deixou de ser arrecadado com as reduções do IPI que estimularam a compra de carro particular. O subsídio à gasolina, através do congelamento do preço por muito tempo, causou prejuízo à Petrobras, déficit na balança comercial e desorganização da cadeia produtiva do etanol. Com mais carros na rua e investimentos insuficientes na infraestrutura, a mobilidade urbana, que já era ruim, entrou em colapso.
A compra do carro foi incentivada para o país crescer e isso não ocorreu. O preço da gasolina foi subsidiado para conter a inflação, e ela subiu. O reajuste do ônibus foi adiado para administrar os preços e aconteceu justamente neste junho em que a inflação está de novo estourando o teto.
Outro problema ronda a economia: o dólar. Ele também já começa a afetar os preços. Ontem, a entrevista do presidente do Fed, Ben Bernanke, dando o sinal de que os estímulos à economia serão reduzidos, no futuro, provocou imediata alta da moeda americana, e ela chegou a bater R$ 2,22. Fechou em R$ 2,21. É mais um complicador.
A presidente Dilma Rousseff tem estado em reuniões com a presença de seu marqueteiro, João Santana, e feito pronunciamentos com a sua supervisão. Parece mais preocupada com o efeito que a crise das ruas terá em suas chances eleitorais do que em entender e corrigir os erros que levaram à eclosão dos protestos.
Governantes de outros partidos e de outros níveis de governos desdizem de tarde o que disseram de manhã. O prefeito Fernando Haddad, ontem de manhã, garantiu que não reduziria a passagem de ônibus para, no fim da tarde, anunciar junto com o governador Geraldo Alckmin o recuo dos reajustes de ônibus e metrô. No Rio, Cabral não esteve ao lado do prefeito Eduardo Paes. A crise não é apenas econômica, mas a economia tem dado motivos de sobra para a insatisfação.





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segunda-feira, 20 de maio de 2013

"É possível fazer mais e bem feito" diz Eduardo Campos PSB




Estrelando nas novas inserções de TV do PSB, partido do qual é o presdidente e pelo qual, possivelmente, disputará a presidencia da República em 2014, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, aumenta o tom de críticas ao governo petista e afirma que "é possível fazer mais e bem feito". A nova campanha de TV do partido estreia nesta segunda feira com as inserções regionais do Estado de Goiás. O novo slogam do partido critica o jeito petista de governar e suas obras mal feitas e muitas inacabadas e superfaturadas.





FT diz que sensação de bem-estar no Brasil é ‘fachada’ e critica estilo ‘mandão’ de Dilma


20 de maio de 2013 | 8h19
Agência Estado
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Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
LONDRES – O Brasil precisa correr para aproveitar o capital internacional existente, que atualmente é barato e abundante, para aumentar o investimento na economia. A sugestão é do jornal “Financial Times”. Em editorial publicado nesta segunda-feira, a publicação diz que a sensação de que tudo corre bem no Brasil é apenas uma “fachada” e diz que o estilo “mandão” de Dilma Rousseff é bom para evitar a corrupção, mas estaria atrasando a economia, especialmente o investimento. O texto critica ainda a escolha do governo: em vez de reformas amplas, apoia setores “mimados”, como as montadoras.
O editorial diz que o Brasil “corre o risco, mais uma vez, de frustrar imensas expectativas”. “A aparente sensação de bem-estar do Brasil é uma fachada. O crescimento da economia no ano passado foi de menos de 1%, pouco melhor que a zona do euro. Este ano, o Brasil está crescendo menos que o Japão. A inflação está corroendo a confiança do consumidor e há uma sensação de mal-estar. A causa é o abrandamento do investimento, tendência que começou em meados de 2011 e continua. Mais investimento é exatamente o que o Brasil precisa para manter os empregos e tornar-se a potência global a que aspira ser.”
O texto lembra que o investimento brasileiro equivale a 18% do Produto Interno Bruto (PIB), bem menos que os 24% destinados pelos vizinhos latino-americanos e os quase 30% dos países da Ásia. A culpa, diz o FT, é dos governantes e o problema não vem de hoje. “Brasília deve ter grande parte dessa culpa. A extravagância do modelo econômico impulsionado pelo consumo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se esgotou. O modelo Dilma, apesar dos primeiros sinais promissores, está provando (apenas) ser um pouco melhor”, diz o texto.
“O estilo ‘mandão’ dela não é adequado para a persuasão colaborativa exigida pelo tipo particular de política de coalizão do Brasil. A tomada de decisão tem sido centralizada, o que evita a corrupção, mas retarda o processo. Dilma também tem evitado consistentemente as reformas orientadas para o mercado em favor do protecionismo de alguns setores preferidos e seus lobbies, como as mimadas montadoras”, critica o texto.
Para o FT, outro exemplo dessa falta de foco do governo brasileiro está na infraestrutura. “O Brasil quer captar bilhões de dólares para a construção de novos portos, aeroportos, viadutos e estradas. Existe o interesse e o compromisso firme dos investidores. No entanto, surpreendentemente, o marco regulatório em vigor não é apropriado para permitir a construção dessa nova infraestrutura. O dinheiro está sendo deixado sobre a mesa desnecessariamente”, diz o texto.
“O Brasil precisa desesperadamente de mais investimento. O baixo nível da poupança interna significa que grande parte desse financiamento deve vir do exterior. O capital está barato no momento, mas não será para sempre. O Brasil tem uma grande janela de oportunidade. Dilma Rousseff e seu governo precisam fazer as coisas acontecerem enquanto essa janela segue aberta”, diz o editorial.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Na TV, Campos critica Dilma e diz que é hora de avançar



Fernando Rodrigues

Governador de Pernambuco pretende ser candidato a presidente da República em 2014.
Na propaganda de seu partido, o PSB, ele diz que contraria os “interesses da velha política”.
O programa partidário do PSB neste semestre é a aposta mais alta do partido para fazer deslanchar a pré-candidatura a presidente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Ele é a estrela principal da propaganda de 10 minutos de duração à qual o Blog teve acesso. O filme vai ao ar em rede nacional de TV a partir das 20h30 de hoje (25.abr.2013). O vídeo está publicado neste post.
O programa do PSB  reforça o discurso de Eduardo Campos nos últimos meses. Há no filme várias críticas ao governo de Dilma Rousseff, mesmo sem citar o nome da petista.
Campos aparece sempre em supercloses –uma mensagem subliminar para enfatizar a juventude do político pernambucano, que tem hoje 47 anos. Em três trechos do filme, o foco fica apenas nos olhos claros do pré-candidato.
Eis uma das falas de Campos: “Avançamos [no Brasil], mas deixamos de fazer mudanças fundamentais. Temos um Estado antigo, quer seja na esfera municipal, estadual ou federal. Ainda traz as marcas do atraso e do elitismo (…) Ou avançamos agora, ou corremos o risco de regredir nas conquistas do nosso povo. Temos que ter a humildade de admitir e a coragem de enfrentar os problemas que estão aí, batendo à nossa porta. O Brasil precisa dar um passo adiante. E nós do PSB vamos dar esse passo junto com o Brasil.”
O governador é popular em seu Estado, Pernambuco, e entre os políticos de todos os partidos. Mas é ainda pouco conhecido do grande eleitorado do Sul e do Sudeste. Na última pesquisa Datafolha sobre a eleição presidencial, Eduardo Campos apareceu como preferido de 6% do eleitorado. Dilma teve 58%; Marina Silva, que tenta fundar um novo partido chamado “Rede”, ficou com 16%; Aécio Neves (PSDB), com 10%.
O filme do PSB faz uma opção pela politização do discurso. Começa com um texto e imagens em preto e branco falando da redemocratização. São citados políticos de todos os partidos.
Esse tipo de discurso é correto do ponto de vista histórico, pois dá crédito a todos que ajudaram a construir a atual democracia brasileira. Mas marqueteiros em geral fogem desse assunto como o diabo da cruz –sob o argumento de que a maioria do eleitorado rejeita esse tipo de abordagem.
Em certa medida, portanto, o filme do PSB para promover Eduardo Campos contém uma dose razoável de risco. Não há como saber como será a reação dos telespectadores-eleitores.
Em um dos trechos do programa, por exemplo, Eduardo Campos relata que é herdeiro da “esquerda democrática” de seu avô, Miguel Arraes, e que é fiel a seus aliados, mas que faz críticas quando necessário. A mensagem implícita: o PSB participa do governo do PT, mas quer mudanças.
“Somos um partido [o PSB] que defende as suas alianças, mas seremos sempre um aliado participante, propositivo, crítico quando a crítica é necessária. Mudanças fundamentais continuam sendo adiadas hoje como sempre foram no passado. A reforma fiscal, a revisão do pacto federativo, a reforma politica. Para avançar não temos outra escolha. É preciso contrariar os interesses da velha politica, que está instalada na maquina pública. Cargo público tem que ser ocupado por quem tem capacidade, mérito, sobretudo espirito de liderança. E não por um incompetente que é nomeado só porque tem um padrinho político forte.”
Também aparece no vídeo o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, do Rio Grande do Sul. Ele exalta feitos dos governos do PSB no Ceará, em Belo Horizonte e em Pernambuco.
A fala de Beto Albuquerque tem um endereço óbvio. Ao afagar a administração do PSB no Ceará sua intenção é agradar ao governador daquele Estado, Cid Gomes, que tem dado a entender que prefere apoiar a reeleição de Dilma Rousseff em 2014.
No caso do prefeito de BH, Márcio Lacerda, a tendência mais natural é que se desgarre do PSB e dê apoio ao tucano Aécio Neves na corrida pelo Planalto.
O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg, que pretende disputar a eleição para governador do Distrito Federal, também aparece, mas por pouco tempo. Ele fala sobre o apoio que o PSB deu no Congresso à aprovação da PEC das Domésticas, que estendeu benefícios da CLT à categoria.

Abaixo, o vídeo do PSB. 

http://mais.uol.com.br/view/14419685

terça-feira, 23 de abril de 2013

Merval Pereira: ‘A advertência de Barbosa’


23/04/2013
 às 17:53 \ Direto ao Ponto


Trecho: “O mundo está de olho no Brasil”, adverte o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, dizendo que esse nosso jeito de “não fazer as coisas fingindo que está fazendo” põe em risco nossa credibilidade como país.Barbosa, que está nos Estados Unidos para uma palestra na Universidade de Princeton e uma homenagem da revista “Time”, que o colocou como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, está se referindo ao julgamento do mensalão, que, divulgado o acórdão, será retomado dentro de dez dias com os embargos da defesa.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Ministério Público abre 6 investigações sobre depoimento de Marcos Valério que envolve Lula no Mensalão


Mensalao


Procuradores decidiram analisar conteúdo das acusações feitas pelo empresário segundo as quais Lula teria se beneficiado do esquema

02 de abril de 2013 | 0h 50
Alana Rizzo e Felipe Recondo - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis procedimentos para investigar as acusações feitas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no depoimento prestado em 24 de setembro de 2012. Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, ele acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado pessoalmente do esquema. O petista classificou o depoimento, prestado sigilosamente à Procuradoria-Geral, como mentiroso.
Após análise do depoimento, que durou cerca de duas semanas, os procuradores da República em Brasília concluíram pela existência de oito fatos tipificados, em tese, como crimes que exigem mais apuração.
Dois já estão em investigação em outros inquéritos instaurados no âmbito do Ministério Público Federal. Os novos seis procedimentos preliminares foram distribuídos para procuradores diferentes, todos com atuação na área criminal. Quem ficar responsável pelo caso poderá pedir a abertura de inquérito a fim de produzir novas provas ou poderá optar por arquivar as acusações, caso não veja indícios suficientes para oferecer uma denúncia.
Foco. No depoimento prestado em 24 de setembro do ano passado, cuja íntegra de 13 páginas foi obtida pelo Estado, Marcos Valério coloca o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no centro das acusações do mensalão.
O empresário afirma que o petista, que não tem mais foro privilegiado, deu "ok" para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada e campanhas políticas de aliados ao governo.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, esperou o fim do julgamento do mensalão para despachar o depoimento. Ele temia que o depoimento fosse apenas uma manobra do empresário para atrapalhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão.
Inicialmente, o depoimento foi remetido para análise do Ministério Público Federal em Minas Gerais. Em 11 de março, o procurador da República em Minas Gerais Leonardo Augusto Santos Melo, que havia recebido o depoimento em fevereiro, disse que alguns fatos narrados por Valério já estavam em apuração em Minas e encaminhou o depoimento para Brasília por entender que parte das acusações não teria relação com os fatos em investigação no Estado.
O procurador mineiro alegou conflito de interesse no caso, ao contrário dos procuradores de Brasília, que decidiram abrir uma investigação preliminar.
A Procuradoria da República em Minas já investiga os repasses feitos por Valério à empresa do ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy. O operador do mensalão afirmou ter depositado um cheque de R$ 100 mil na conta da Caso Sistema de Segurança, uma empresa do setor de segurança privada.
Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo bancário quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.
Em busca de benefícios. Em meio ao julgamento do mensalão, Valério foi voluntariamente à Procuradoria-Geral da República no dia 24 de setembro na tentativa de obter algum benefício em troca de novas informações sobre o caso. Em mais de três horas de depoimento, disse que o esquema do mensalão ajudou a bancar "despesas pessoais" do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No relato feito ao Ministério Público, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto, numa sala que ele descreveu como "ampla" que servia para "reuniões" e, às vezes, "para refeições". Lula então, segundo Valério, teria dado seu consentimento à operação que estava prestes a ser montada.
Ele contou ainda ter sido ameaçado de morte pelo PT caso decidisse contar o que sabia do esquema. Marcos Valério entregou cópia de alguns documentos para reforçar suas acusações à subprocuradora da República Cláudia Sampaio e para a procuradora da República Raquel Branquinho.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Aprovação a Dilma mostra que o Brasil "encherga" bem



Guilherme Fiúza, ÉPOCA
Há uma grita injustificada no caso das provas semianalfabetas do Enem. Não dá para entender tanta indignação. Há anos o governo popular vem preparando o Brasil para a grande revolução educacional, pela qual a norma culta se norteará pelo português falado nas assembleias do PT.
Como se sabe, depois de uma blitz progressista da presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, livros didáticos passaram a ensinar que é certo escrever "nós pega o peixe", entre outras formulações revolucionárias. Alguns especialistas teriam argumentado que o certo seria "nós rouba o peixe", mas isso já é discussão interna deles.
Numa das redações que levaram nota máxima no Enem, o candidato escreveu "enchergar" - com "ch" em vez de "x". Não há reparo a fazer, está perfeito o critério. Depois de três anos deixando o Enem à mercê dos picaretas, pois estava muito ocupado com sua agenda eleitoreira, Haddad elegeu-se prefeito.
Um fenômeno desses jamais aconteceria num país que enxerga - só num país que "encherga". Está corretíssima, portanto, a observação por parte do estudante da nova norma culta.
Os que veem algum erro nisso não sabem acompanhar as velozes mudanças da língua, comandadas pela nova elite. O relato de Dilma Rousseff sobre seu encontro com o papa Francisco também mereceria nota máxima no Enem. Contou a presidente: "Ele estava me "dizeno" que espera uma presença grande dos jovens (na Jornada da Juventude), na medida em que ele é o primeiro papa, ele é várias coisas primeiro". Os corretores progressistas do Enem só dariam nota 1.000 a uma construção dessas porque não existe 1.001.
O novo recorde de aprovação que acaba de ser batido pelo governo e pela "presidenta" só comporta duas explicações possíveis: ou o Brasil está "enchergando" bem, ou o Brasil está "enchergano" bem. Qualquer das duas hipóteses, porém, garante imunidade total à "presidenta" (que também é várias coisas primeira). Ela pode passear de helicóptero sobre as enchentes de Petrópolis e depois pousar, como uma enviada do Vaticano, para rezar pelas vítimas.
Os desabrigados de dois anos atrás na mesma região continuam sem as casas prometidas pelo governo popular. Há famílias morando em estábulos. Alguns quilômetros serra abaixo, casas oferecidas pelo governo popular para removidos de áreas de risco foram inundadas pelas últimas chuvas. Moradias do programa Minha Casa Minha Vida oferecem como bônus minhas goteiras, minhas rachaduras na parede.
O povo deve estar "enchergano" tudo isso, porque acolhe o helicóptero de Dilma como um disco voador em missão turística e reza com ela na igreja local, pedindo proteção a não se sabe quem.
A aprovação popular ao estilo governamental de Dilma é comovente. Quem distribui as verbas federais contra enchentes é o ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho - aquele que mandava cerca de 80% do dinheiro para Pernambuco, por acaso seu domicílio eleitoral. As enxurradas podem levar casas e povoados inteiros, mas nada arranca Bezerra do cargo.
A cada nova intempérie, é ele quem surge para rechear os comícios chorosos de Dilma com cifras voadoras, que servem basicamente para drenar as manchetes. Ainda de Roma, a chefa suprema da nação declarara que tomará "medidas drásticas" para remover os teimosos que insistem em morar em áreas de risco. O Brasil merece isso tudo.
A população culta também está "enchergano" bem. Todos chocadíssimos, batendo panela contra o pastor acusado de homofobia - nomeado para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Quem manda na Câmara? Quem fica caçando votos dos evangélicos, distribuindo vantagens a seus líderes, como o famigerado Ministério da Pesca? "Nós pega o peixe e entrega ao pastor", reza a norma culta do governo popular. Quanto maior o rebanho, melhor a boquinha. Comissão de Direitos Humanos é troco.
Evidentemente, uma redação do Enem que enxergasse, com "x", que o Brasil e suas instituições estão emprenhados de ignorância pela indústria do populismo levaria nota zero. A revolução petista não tolera esses arroubos elitistas. Prefere receita de miojo.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dilma prometeu e não cumpriu





Há pouco mais de dois anos, Dilma esteve na zona serrana do Rio de Janeiro, consolando as vítimas da tragédia que agora se repete, e prometendo oito mil casas populares e 1 bilhão em investimentos para prevenção e recuperção dos danos urbanos e ambientais.



E ai presidente???

quarta-feira, 20 de março de 2013

Dados das três ultimas eleições indicam que teto do PT é 47%


Diário de Pernambuco - 20/03/2013

Socialista e dois futuros oponentes: 2014 chegando
Presidente e dois prováveis oponentes: 2014 chegando
Ainda são raras as sondagens sobre intenção de votos para a corrida presidencial de 2014.
Por isso mesmo qualquer número que apareça tratando da popularidade da presidente Dilma Rousseff ganha realce e motiva reações eleitoreiras.
Possíveis concorrentes da presidente – pré-candidata à reeleição -, o governador Eduardo Campos (PSB) e o senador Aécio Neves (PSDB) se manifestaram.
Ambos tentaram minimizar os ótimos índices da petista, registrados na pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta terça-feira. Confira abaixo:
Aprovação de Dilma teve maior crescimento no Nordeste: 85%
O tucano afirmou que tudo é obra da publicidade oficial. Já o socialista disse não ver alteração em relação a pesquisas divulgadas anteriormente. E alertou para ninguém cantar vitória antes da hora.
Pois bem. Diante do “tô nem aí” que os dados da CNI provocaram, vale recordar o que César Maia (DEM), ex-governador do Rio de Janeiro, publicou em fevereiro no seu blog sobre pesquisas e corrida presidencial.
Num post intulado “Curiosidades das eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010! E lições para 2014!”, conclui que o PT tem como teto pouco mais de 40% dos votos, o que deixa margem para a ocorrência de segundo turno.
O teto vai ser o mesmo em 2014? É a grande pergunta que se faz e é para isso que Eduardo tanto trabalha: quer provocar o segundo turno e, para isso, precisa que Aécio e a ex-senadora Marina Silva se firmem no jogo sucessório.
As observações de César Maia indicam que as previsões das pesquisas sempre apontaram um petista na frente, mas invariavelmente indicando o segundo turno, o que acabou ocorendo nos três pleitos.
Eleição de 2002
A pesquisa mais antiga disponível no site do Datafolha, de dezembro de 2001, dava a Serra 11% das intenções de voto e a Lula 43%.
Na eleição, Lula teve 46,4% dos votos totais e Serra 23,1%. Garotinho entrou como tercius com 17,8%.
Eleição de 2006
Na pesquisa do Datafolha de dezembro de 2004, Lula tinha 44% e Alckmin 13% das intenções de voto.
Na eleição, Lula obteve 48,6% dos votos totais e Alckmin 41,6%%.  Não houve tercius. Heloisa Helena obteve 6,8%.
Eleição de 2010
Dilma mal aparecia nas pesquisas de 2009, pois estava sendo apresentada por Lula, pelo Brasil afora.
Na eleição, Dilma obteve 46,9% dos votos totais e Serra 32,6%. Houve tercius: Marina com 19,3%.
Conclusões
Coincidentemente, nas 3 eleições os petistas obtiveram no primeiro turno, em média, 47% dos votos totais. Coincidência? Ou teto para 2014?
Serra e Alckmin partiram de um patamar no entorno superior a 10%, e entraram no vácuo. Serra dobrou as intenções de voto e Alckmin triplicou.
Na eleição de 2006, com um candidato à esquerda, não houve tercius. Nas eleições de 2002 e 2010, quando o tercius foi  evangélico, tanto Garotinho quanto Marina ficaram no mesmo patamar: 17% e 19% sugerindo que é o voto conservador-cristão que ocupa um espaço significativo na eleição presidencial e não o voto de esquerda/ambiental/costumes.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Frenesi do abaixo-assinado pela internet desafia a classe política


Petições atraíram mais de 3 milhões de brasileiros no último ano; organizações internacionais voltam suas atenções ao País

Estadão.com - março de 2013
Abramovay (à esq.), da Avaaz, entrega a senadores petição contra Renan Calheiros - Dida Sampaio/AE - 20/02/2013
Dida Sampaio/AE - 20/02/2013
Abramovay (à esq.), da Avaaz, entrega a senadores petição contra Renan Calheiros
Os números são superlativos e devem acompanhar o avanço da banda larga no País - hoje disponível para 30% dos brasileiros. Dois milhões assinaram uma petição para que a Câmara dos Deputados votasse o projeto da Lei da Ficha Limpa. Um milhão e 600 mil colocaram seu nome contra a eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidir o Senado. Recém-eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o pastor Marco Feliciano (PSC-SC) já é alvo de um manifesto pela sua destituição com 280 mil apoiadores.
O fenômeno virtual desperta desconfiança de setores da sociedade que temem que os abaixo-assinados online consolidem o "ativismo de sofá" e enfraqueçam formas tradicionais de protesto, como intervenções urbanas ou marchas em vias públicas.
Mas, para pesquisadores, a tendência é irreversível: a internet consolidou um novo espaço público para debate e formação de opiniões e, assim como provocou mudanças na cultura e na economia, também provocará transformações na política.
Para Pedro Abramovay, diretor de campanhas da Avaaz, ONG internacional de ativismo online que reúne 20 milhões de apoiadores, sendo 3 milhões brasileiros, o modelo tradicional de democracia representativa, com um voto a cada quatro anos, é insuficiente para dar conta de uma realidade na qual os cidadãos podem se conectar rapidamente em torno de um objetivo comum. "Tenho certeza de que a política nunca mais vai ser a mesma", afirma.
Abramovay cita como exemplo o ato de compartilhar uma petição no Facebook, para ele um comportamento "profundamente político" na medida em que a pessoa assume uma posição diante de seus amigos e abre espaço para contra-argumentos. "As pessoas passam tanto tempo na internet, ela é uma parte tão importante para nossas vidas, que considero despolitizador dizer que a política feita ali é menos importante", diz.
Atento ao fenômeno, o parlamento alemão desenvolveu sua própria plataforma oficial para que a população organize abaixo-assinados. Se a petição alcançar 50 mil apoiadores, os deputados são obrigados a discutir o tema. A Casa Branca, nos Estados Unidos, tem sistema parecido, o "We The People".
Lobby. A Avaaz é financiada por doações voluntárias e se define como uma ONG de defesa do interesse público, e não uma mera plataforma de petições. A entidade deleta abaixo-assinados que ferem seus princípios e aposta suas fichas em outros. Sua força vem da união dos manifestos com uma estrutura azeitada para fazer lobby. "A gente combina esse instrumento de petição online com uma equipe que tem acesso a parlamentares, que sabe fazer isso", diz Abramovay, ele mesmo um conhecedor dos meandros de Brasília: foi ex-secretário nacional de Justiça do governo Lula.
Na campanha contra Calheiros, a Avaaz visitou gabinetes de senadores e contratou uma pesquisa do Ibope, que apontou que 74% dos brasileiros seriam favoráveis à renúncia do alagoano.
Os pastores Silas Malafaia e Feliciano já avisaram que vão processar a ONG após terem petições a seu favor bloqueadas pela entidade. Contrariado, Feliciano organizou um manifesto em seu próprio site e reuniu 150 mil apoiadores. "Isso mostra que nossa atuação tem tido um efeito político grande", diz Abramovay.
Alternativa. Concorrente da Avaaz, a Change.org tem 23 milhões de usuários no mundo - sendo 400 mil brasileiros - e abriu seu escritório no País em outubro. A entidade não deleta petições, permite que duas campanhas com objetivos opostos coexistam na plataforma e afirma não fazer lobby.
"Não cabe à nossa equipe julgar o que é relevante ou não. Nossa política é confiar na transparência, para o bem e para o mal", afirma a diretora de campanhas Graziela Tanaka.
A organização é financiada pela venda de espaço em seu site para quem busca dar maior visibilidade à sua campanha, modelo similar ao adotado por Google ou Facebook.
Em dezembro, o Ministério Público do Estado de São Paulo hospedou na Change.org um dos primeiros abaixo-assinados promovidos por uma instituição pública no País. O manifesto, contrário à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que retira o poder de investigação criminal dos promotores, obteve 40 mil assinaturas.
"Se não atingir a imagem do político, ele não vai se mexer. Nesse ponto, os abaixo-assinados podem ter êxito", afirma o professor Jorge Machado, coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP.
Ele alerta, no entanto, que as campanhas online tendem a cair no esquecimento com facilidade, pois estão intimamente ligadas ao impacto de uma notícia. "É diferente do que levar dois ônibus de manifestantes para a Câmara. Mas uma não exclui a outra", afirma.
Legislação. O senador Pedro Taques (PDT-MT) anunciou que apresentará, nos próximos dias, uma PEC para incorporar as petições online ao processo legislativo.
Batizado de Medida de Urgência Popular, o mecanismo pretende impor regime de urgência a projetos de lei que tiverem o apoio de um porcentual do eleitorado - o número exato ainda não foi definido.
"Precisamos criar um login cidadão para que as pessoas possam participar", diz Taques. Segundo ele, a Justiça Eleitoral seria responsável pelo desenvolvimento de um sistema online que garanta a autenticidade das petições.