segunda-feira, 30 de abril de 2012

Não venha com novidades



Tudo começou quando, por volta de 1996, a socióloga e primeira dama da República Dona Ruth Cardoso encabeçou uma espécie de movimento supra partidário para socorrer o Acre dos males que o atraso político dominante, na época, relegava ao Estado os piores índices econômicos, sociais e criminais do País.

Surgia no meio político oposicionista as figuras da filha de seringueiros, Marina Silva, e os jovens irmãos Jorge e Tião Viana, egressos de uma família de classe média de direita de papel histórico pouco significativo na vida local.

Como uma espécie de embaixadora dos jovens políticos locais Dona Ruth conseguiu as bênçãos do presidente Fernando Henrique Cardoso, para que o grupo disputasse o senado e o governo local numa articulação onde o PSDB, partido do presidente, quase se anulou diante do PT representado pelos “meninos”- a maneira carinhosa que a socióloga tratava a turma.

O resultado todos já conhecem. O que deveria ser o surgimento de uma nova e moderna forma de governar, virou uma outra forma de poder onde a panelinha familiocrata”  transformou “os meninos” em políticos retrógrados e com um currículo de processos criminais de dar inveja aos mais tradicionais oligarcas da velha política acreana e  brasileira.

A Marina foi aos poucos defenestrada do esquema e hoje sobrevive bem longe dos interesse dos Viana.

Estes dominam o Estado com mãos de ferro, pois tudo que prometeram ha 14 anos atrás não passou de uma maquiagem governamental, com pequenos e insignificantes avanços, muito mais resultantes de políticas públicas federais, do que de esforços e investimentos do Estado Acreano.

Independente das fortes chuvas e enchentes dos grandes rios amazônicos que cortam a terra natal de Chico Mendes, o Acre vive num charco moral e político vergonhoso.

Obras que deveriam agregar infraestrutura à região, como é o caso da BR 364, viraram verdadeiros dutos de corrupção, se arrastando em meio a denúncias e escândalos que já são velhos conhecidos da Controladoria Geral da União e Polícia Federal.

Inicialmente intitulados Governo da Floresta, esse grupo nada fez para a preservação do meio ambiente e o maior exemplo desse descaso é a morte anunciado do rio Acre, com altos índices de contaminação. O lixo se espalha pela floresta sem que nenhum município do interior tenha um aterro sanitário ou coisa parecida.

Esgotamento sanitário é palavrão para essa turma que juntamente com a falta de planejamento urbano transforma Rio Branco e os maiores municípios do Estado num amontoado de construções residenciais, muito diferentes do que seriam cidades no sentido sócio cultural da palavra.

Tendo a demagogia como mantra, os Viana fazem promessas cabeludas e irresponsáveis em todas as eleições. Na última, o então candidato Tião Viana, num flagrante desespero para evitar a derrota, prometeu construir um hospital só para evangélicos e calçar todos as ruas do Estado em quatro anos. A idéia do hospital foi tão absurda que ele abandonou sem mais explicações. A outra ele está, desesperadamente, tentando, através de contratos de valores questionáveis, fazer um arremedo para enganar o povo. As poucas ruas que estão recebendo pavimentação ficam sem esgotamento sanitário e os dejetos correm pela drenagem fluvial, agravando ainda mais os problemas de saúde pública.

É lamentável a situação que vive o povo acreano nas mãos desses Viana. Governo medíocre e representação parlamentar lamentável relega ao Estado à mesma situação deplorável de 14 anos atrás. Um retrocesso de dar pena.

Médico de formação, o atual governador não esta interessado em curar os males da sociedade e sim utilizar de paliativos que tornam o doente dependente do remédio e assim freguês do tal “Dotô. Uma velha receita da politicagem verde amarela.

As eleições municipais se avinham e o povo, mais uma vez, terá a chance de mandar um recado para estes coronéis de meia tigela, através das urnas e começar a mudar os rumos da sua história. Quem viver, verá!

À propósito, neste fim de semana fui visitar um grande amigo acreano que mora aqui em São Paulo há mais de 40 anos. Natural de família humilde da região de Sena Madureira, ele é um bem sucedido empresário do setor de alimentos. Entre uma conversa e outra, ele me perguntou: tens notícias do Acre? E eu comecei a falar das denúncias e malandragens da política local, quando ele me interrompeu.

- Ora, ora, ora, não venha com novidades!

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